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InNova Talks debateu liderança, empreendedorismo e economia mais sustentável

A regulação, sustentabilidade e a inovação tecnológica colocam desafios complexos às lideranças. O fim do primeiro ciclo de conferências InNova Talks, parceria da Nova SBE com o JE e Forbes Portugal, abordou algumas dessas metas já para 2025.

Uma InNova Talk mas em formato XL e a tocar nos temas que foram focados ao longo do último ano nesta parceria entre Nova Business School & Economics, o JE e a Forbes Portugal, seja no que diz respeito a saúde, empreendedorismo, a evolução da economia azul e até a reindustrialização da Europa (aproveite para ver ou rever alguns dos videocasts que marcaram esta iniciativa este ano. Foi assim que José Carlos Lourenço, CEO da Media Nove, definiu o evento que encerrou o primeiro ciclo destas conferências: "Existindo um interesse comum, chegámos à conclusão que deveríamos avançar com o projeto, algo que aconteceu tendo sido possível produzir conteúdos de grande qualidade", destacou, recordando a conversa com Luís Veiga Martins, diretor executivo do Instituto de Sustentabilidade, que ditou o início desta parceria.

Dos debates em torno de uma economia mais sustentável aos desafios das lideranças no próximo ano, foram muitos os temas em debate e os especialistas de renome como António Nogueira Leite, Pedro Pita Barros, Sofia Santos, entre outros, a deixar a sua marca nesta conferência que contou com casa cheia na Nova SBE esta quarta-feira, num evento que contou com o apoio do Novobanco, Sabseg Seguros e Natixis.

Luís Veiga Martins sublinhou neste evento que a Nova SBE tem vindo a alargar a oferta na área da sustentabilidade, respondendo, no caso da formação executiva, aos desafios que as empresas colocam. O professor registou com agrado que há cada vez mais pessoas sensíveis aos desafios da sustentabilidade e que os ODS - Objetivos do Desenvolvimento Sustentável deixaram de ser palavra oca.

António Nogueira Leite: "Descarbonização? Europa está claramente à frente"

O economista e professor da Nova SBE, António Nogueira Leite, defendeu a necessidade de políticas que minimizem os efeitos ambientais, considerando que a evolução política nos Estados Unidos não vai ajudar muito neste campo. Salientou que o grau de circularidade da economia é muito baixo e que o homem depende de tecnologia que ainda não existe hoje, lembrando também que não foi por acaso que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) teve como objetivo a circularidade e a descarbonização.

"A Europa está claramente à frente neste campo", afirma. E "esperam-se grandes ganhos, já". Nesse sentido, adianta que o "esforço está a ser feito, mas sofre de terem aparecido outras prioridades" e que é "preciso continuar a apoiar as empresas" . "Temos todos que crescer para a responsabilidade que aqui temos", salienta.

Com a Europa numa situação geoestratégica como nunca conheceu, com vizinhos quer a sul quer a leste que "não são campeões nem da liberdade, nem da democracia, nem das políticas ambientais", António Nogueira Leite é peremtório: "A agenda tem de ser seguida da forma mais pragmática possível", caso contrário, as forças contra só vão aumentar, por isso é fundamental "transparência para que as pessoas percebam que a alterativa é mesmo o fim do nosso modo de vida. Estamos numa luta civilizacional.

Crescimento económico ou planeta: como equilibrar os dois "pratos"?

Como equilibrar os dois pratos da balança: crescimento económico e planeta que respire? A resposta não é linear. Implica uma mudança cultural corajosa, o que não é possível de um dia para o outro. "Provavelmente, é mudando a métrica do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto)", adianta Pedro Pitta Barros, professor da NOVA SBE no InNova Talks. O PIB mede a riqueza criada por um país, não mede o bem-estar da população desse país.

O especialista na área da economia da saúde lembra que existem doenças respiratórias que são resultado de problemas atmosféricos e que olhar para elas desta ou daquela forma é uma escolha dos governos e das suas prioridades. No limite se nós, Europa, quisermos diminuir os efeitos atmosféricos nos problemas respiratórios, a questão pode vir a colocar-se desta forma: "Queremos crescer um terço do que crescem os chineses para que as pessoas tenham mais 10 anos de vida!?..."

 

Empresas "têm medo" de mudar

Apesar dos custos sociais e económicos que as alterações climáticas trarão, a resistência das empresas em adotar estratégias verdadeiramente sustentáveis prende-se sobretudo com medo, embora este se manifeste em várias vertentes: aversão ao risco, dificuldade em adaptar comportamentos ou preocupações financeiras, por exemplo. Como tal, uma abordagem extensiva a esta questão implica uma alteração de perceções, com uma menor ponderação dos aspetos meramente financeiros.

A ideia foi defendida por Sofia Santos, Sustainability Champions in Chief na Systemic, na conferência ‘InNOVA Talks’, realizada esta quarta-feira na NOVA SBE, em Carcavelos, onde teve oportunidade de destacar alguma irracionalidade associada a comportamentos aparentemente guiados por uma lógica iminentemente de maximização do lucro financeiro, com as alterações climáticas como exemplo.

Consciencialização dos líderes

O painel "Mudar mentalidades também contribui para a saúde do planeta: o futuro da liderança em 2025", moderado por Nilza Rodrigues, diretora da Forbes Portugal, colocou em cima da mesa temas como a liderança e a consciencialização dos líderes para temas como a responsabilidade num sentido mais lato. Foi precisamente por essa reflexão que enveredou Milton Sousa, professor da Nova SBE: "Sustentabilidade na liderança? Diria que é cada vez mais importante capacitar os líderes para a responsabilidade no sentido mais lato". Para este docente, as inovações tecnológicas que temos vindo a assistir "exigem dos líderes uma maior consciência das suas decisões e falta às escolas de negócios a capacidade de fomentar pensamento crítico para decidir de forma consciente". Milton Sousa alertou ainda para aquilo que considera ser uma grande incógnita: o impacto da Inteligência Artificial na sustentabilidade. Filipa Santiago, da Natixis Portugal, expressou a ideia de que "é importante consciencializar os líderes mas também os colaboradores, para que levem a responsabilidade ambiental e social para a esfera pessoal" enquanto Constança Santos Silva, presidente e co-founder da Thirst Project Portugal, falou das preocupações deste projeto, como foi desafiada para o projeto aos 16 anos e como entre a sua equipa "sustentabilidade não é uma buzz word, é o nosso dia-a-dia". Álvaro Fernandez, da Michael Page, focou-se no que as pessoas procuram hoje em dia numa empresa, na forma como se alargou a capacidade de escolha e como a retenção de talento deve começar pela valorização dentro das organizações.
 
Empreendedores mais empáticos
 
A fechar, e com a moderação de Ricardo Santos Ferreira, subdiretor do JE, debateu-se a forma como o empreendedorismo pode contribuir para uma economia mais sustentável. Tim Vieira, CEO da Bravegeneration, deixou algumas pistas sobre o que fazer no presente para mudar o futuro: "Precisamos de empreendedores com mais empatia e quero saber o que pensam as pessoas que estão comigo. Os CEOs têm que ser mais autênticos, falar mais vezes em amor, ter a visão para onde vamos". Numa outra perspectiva, Inês Soares, head of ESG do Novobanco, destacou que a regulação para forçar a transição energética "vem complicar a vida" aos pequenos negócios que vão precisar de mais apoio para cumprir os critérios ESG (ambiental, social e governance), notando que o banco está disposto a ajudar, seja através da partilha de conhecimentos como de financiamento de projetos.