Skip to main content

“Hoje em dia, falar de agricultura é falar também de inovação e tecnologia”

Agronegócio a Portugal tem assistido a várias operações de grande dimensão no agroalimentar. Assunção Cristas e Catarina Pinto Correia esperam mais ‘deals’ significativos.

Há um tema relacionado com a água que é o agronegócio. Estas soluções para os desafios que Portugal tem nesta área são também cruciais para que o agronegócio em Portugal cresça e para que possa haver mais grandes investimentos no sector? Tem havido operações nesta área no país, algumas das quais na casa das centenas de milhões.


Assunção Cristas (AC): O sector tem mostrado grande dinamismo, aliás, cada vez mais sofisticado, modernizado. Hoje em dia, falar em agricultura também é falar de todos os outros temas, da digitalização e do uso de ferramentas que nos permitem atuar na produção agroalimentar de uma maneira radicalmente diferente.

 

A tecnologia vai permitir resolver o problema da falta de mão de obra no sector?
AC: Vai além disso. É mundo muito diferente. Somos quase oito mil milhões de pessoas e as projeções apontam para à volta de dez mil milhões em 2050. A Europa, e Portugal em concreto, é capaz de produzir alimentos com grande sofisticação, com qualidade, com segurança alimentar, que é uma coisa que nós não temos em todo o mundo, e já agora com preocupações ambientais e usando de forma eficiente os recursos.

 

E podemos ambicionar a autossuficiência da Europa a nível alimentar?
AC: É muito difícil, mas acho que o ponto não é autossuficiência em produto. Mais importante que isso é saber que temos uma autossuficiência também em valor e que conseguimos produzir bem as culturas para as quais temos apetência. E a verdade é que hoje temos apetência para mais porque conseguimos dominar os recursos. Se tivermos água, se temos sol, então no caso português, mais sol, menos água, se conseguimos gerir isto e encontrar também formas de enriquecimento do sol, de regeneração dos solos. Há modos de agricultura também, cada vez mais inovadores com outro tipo de preocupações e nós vamos ser capazes de, certamente, fazer muito mais e, sobretudo, de fazer melhor do que outras partes do mundo.

 

Catarina Pinto Correia (CPC): O paradigma dos incentivos também está a mudar. Ou seja, temos aqui uma coisa com a nova PAC, uma passagem do Pilar 1 para o Pilar 2 da PAC e portanto, se calhar uma redução dos apoios diretos, para passar a ter apoios mais ligados ao investimento e à inovação que tragam resultados. Apoios que sejam dados à capacidade de produção dos agricultores para produzir e para manterem sistemas subsistentes de produção e não para serem subsidiados por uma atividade de apoios absolutamente directos que não acrescentam valor à atividade produtiva. Acho que é aí que está a questão.