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Gleba prevê faturar seis milhões em 2022

Diogo Amorim fundou esta empresa em 2016 para fazer pão ‘verdadeiro’ e a procura nunca mais parou de crescer em todo o país.

A Gleba significa ‘terreno próprio para cultivar’. Surgiu como padaria em 2016, em Alcântara, Lisboa, e desde aí tem conquistado clientes e crescido no volume de vendas e no número de lojas, esperando chegar a uma faturação de seis milhões de euros em 2022. “Gleba é uma palavra que simboliza a relação próxima que a nossa padaria tem e quer celebrar com a terra. É o regresso às origens, aos cereais cultivados nos nossos solos, de variedades portuguesas e sustentáveis. A qualidade do pão em Portugal tem vindo a decrescer, principalmente nos grandes centros urbanos. Daí, surgiu a necessidade de abrir a padaria Gleba com o objetivo de fazer o pão mais artesanal e natural, a partir de cereais 100% nacionais”, explica Diogo Amorim, fundador e sócio da Gleba, em declarações ao Jornal Económico.

“Sou o sócio-fundador e fui sócio único até 2019, altura em que entraram dois investidores com quotas minoritárias. A Gleba surgiu em 2016 como uma pequena padaria orientada para o canal B2C (business to consumer, da empresa para o consumidor final). Por termos uma proposta de valor tão diferenciada, captámos rapidamente a atenção dos meios de comunicação social, levando a que fossem feitas inúmeras reportagens e artigos sobre o projecto. Atingimos afluências elevadas de clientes particulares em pouco tempo. Por outro lado, também fomos solicitados por alguns restaurantes, hotéis e mercearias de topo, para sermos seus fornecedores de pão, sendo que os mesmos levantavam os produtos na loja de manhã cedo, antes de abrir ao público”, adianta Diogo Amorim.

Conforme confessa o fundador da Gleba, “vimos aí uma oportunidade, sendo que em 2018 comprámos uma carrinha e começámos a fazer entregas, o que potenciou um grande crescimento no canal B2B [business to business, de empresa para empresa]”. “Também em 2018, arrendámos dois armazéns antigos em Alcântara, onde planeámos a construção de uma nova fábrica que, tendo inaugurado em Junho de 2020, significou um aumento de oito vezes a nossa capacidade de produção na fábrica anterior, bem como um ícone de beleza industrial dinâmica e activa, no centro da cidade. Em 2019, com o B2B a significar mais de 50% das nossa vendas, entraram dois investidores no capital da empresa [António Carrapatoso e a filha, Marta], permitindo o arranque da fase final de obras”, assinala.

Diogo Amorim adianta também que em 2020, com o surgimento da pandemia, ocorreram “aumentos consideráveis na afluência das clientes particulares à loja, e perdas significativas no B2B, especialmente no canal Horeca [Hotelaria, Restauração, Cafetaria]”. “Consequentemente, investimos na abertura de novas lojas físicas, criámos uma loja online e apostámos no delivery. Em Fevereiro de 2021, abrimos a nossa padaria de Alvalade, em Junho abrimos nas Avenidas Novas e em Agosto inaugurámos em Campo de Ourique. Pretendemos continuar a crescer exponencialmente em 2022”, afiança o acionista da Gleba. Atualmente, há quatro lojas da Gleva: Alcântara, Alvalade, Avenidas Novas e Campo de Ourique.

A Gleba deverá faturar 3,5 milhões de euros em 2021 e projeta faturar cerca de seis milhões de euros no próximo ano(em 2020 obteve receitas de 1,5 milhões de euros). “Estimamos um consumo de farinha em 2021 na ordem das 640 toneladas e de 1.100 toneladas em 2022”, revela. A Gleba – que emprega 66 pessoas – já investiu 1,7 milhões de euros entre 2016 e 2020, esperando aplicar 1,85 milhões de euros entre 2021 e 2022.

Sobre o impacto da pandemia, Diogo Amorim garante que “resultou em quebras de vendas significativas ao nível do canal Horeca”. “No entanto, potenciou um crescimento considerável no canal B2C. A pandemia levou a que as pessoas comessem muito mais em casa. A saúde passou a estar em primeiro lugar, levando o consumidor a escolher produtos mais saudáveis, entre os quais o pão da Gleba”, justifica.

Para Diogo Amorim, pão ‘verdadeiro’ “tem que ser feito com cereais naturais cultivados localmente e de forma sustentável”. “Esses cereais têm que ser moídos de forma integral, sem aditivos. Pão ‘verdadeiro’ tem que fermentar de forma longa e natural, tornando-se assim fácil de digerir, nutritivo, saboroso. É, essencialmente, o pão que os nossos avós comiam”. A diferença em relação à generalidade do pão que consumimos em Portugal é que esse “é feito a partir de cereais importados que viajam muitos milhares de quilómetros para chegar ao nosso país”. “Esses cereais são moídos em moagens industriais, resultando em farinhas altamente refinadas, corrigidas e modificadas, que ficam assim desprovidas de grande parte dos seus nutrientes. São pães fermentados com grandes quantidades de fermento industrial, resultando num produto difícil de digerir e que deixou de ser aconselhado por grande parte dos médicos e nutricionistas”, avisa o fundador da Gleba.

Em contrapartida, Diogo Amorim assegura que “o pão da Gleba é feito a partir dos melhores cereais nacionais, que são moídos diariamente em mós de pedra, para que sejam mantidos todos os nutrientes do grão”, acrescentando que “a fermentação dos nossos pães é feita com fermento natural, um pedaço de massa guardado da amassadura anterior que é rico de leveduras e bactérias lácticas”. “São estes microrganismos os responsáveis por tornar o nosso pão num alimento fácil de digerir, saudável, saboroso e que aguenta uma semana fresco”, assume Diogo Amorim.

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