Falhou a segunda tentativa de venda do BNI Europa. O negócio com a gestora de ativos Altarius Capital fracassou depois de vários meses de troca de propostas, disseram ao Jornal Económico várias fontes conhecedoras de todo o processo.
Tal como o JE adiantou em 22 de Outubro, o acionista do BNI Europa – o BNI Angola – tinha chegado a acordo com a Altarius – entidade britânica com sede em Gibraltar e gerida por uma equipa de administradores espanhóis – para compra da totalidade das ações do banco português. Os espanhóis entraram na corrida pelo BNI Europa em abril e ainda aguardavam uma decisão do supervisor português, o Banco de Portugal, quando, já este mês, desistiram do negócio.
A Altarius Capital confirmou o fim das negociações (e também do interesse no BNI Europa) enquanto fonte oficial do BNI Angola – liderado por Mário Palhares – sublinhou que o banco angolano poderá, “oportunamente, falar sobre o processo”.
Mas este não é ainda o momento.
A versão, ainda que prestada oficiosamente por elementos ligados a ambos os lados, é que as partes não chegaram a acordo acerca dos valores finais, mas a explicação pode ser mais complexa do que isso.
Fontes consultadas pelo JE apontam questões como a complicada estrutura de aquisição do banco que estava a ser proposta pelos espanhóis, que poderia levantar dúvidas sobre quem, de facto, acabaria por ser o beneficiário último da posição maioritária do BNI Europa.
Depois há as questões regulatórias associadas ao acordo. O JE sabe que o Banco de Portugal entregou ao comprador e ao vendedor um extenso conjunto de perguntas sobre o negócio, pedindo elementos adicionais aos que tinham sido enviados. Algo que terá levado a Altarius Capital a concluir que muito dificilmente conseguiria comprar o banco.
OJornal Económico questionou o acionista do BNIEuropa, o BNIAngola, sobre se existem ou não negociações com outros interessados ou mesmo se o processo de venda continua ativo, mas com outros intervenientes. Até ao momento do fecho desta edição (tarde de quinta-feira), o JEainda não tinha recebido resposta.
Esta é a segunda vez que falha uma tentativa de venda do BNI Europa. Em 2019, o processo foi ainda mais longe, com o Banco Central Europeu (BCE) a conceder autorização para a venda de 80,1% do banco português ao grupo chinês KWG. O negócio acabaria por cair no ano passado, quando o comprador desistiu da aquisição, justificando a sua decisão com o contexto de pandemia.
Tal como o JE também noticiou, o atraso no processo de venda do BNI Europa tem obrigado o seu acionista angolano a injectar recorrentemente capital no banco português.
Em 2019, quando o banco ainda aguardava a venda aos chineses, o BNI Angola foi chamado a subscrever um aumento de capital de 8,3 milhões de euros no BNI Europa. No ano passado, em julho, já depois da desistência do grupo chinês KWG, o banco realizou um novo aumento de capital de três milhões de euros.
Os angolanos do BNI, do qual Mário Palhares é acionista com 28,3%, voltaram a injetar mais 4 milhões de euros num aumento de capital do BNI Europa, em fevereiro deste ano.
O aumento de capital no inicio deste ano de 2021 serviu para melhorar os rácios de capital do BNI Europa e assim cumprir as exigências regulamentares., uma vez que o banco teve de aumentar as imparidades para crédito (por causa da pandemia).