A empresa de entregas DPD lançou na semana passada o segmento DPD Fresh, que consiste na entrega de produtos frescos nas casas dos portugueses em 24 horas. Depois de alguns anos a ambicionar o lançamento deste segmento e com um projeto-piloto em 2021, a DPD Portugal aventura-se no negócio da entrega de alimentos.
No fundo, a promessa é a mesma que as encomendas regulares: chegar ao destino no horário mais rápido possível.
Em entrevista ao Jornal Económico, Olivier Establet, CEO da DPD Portugal, assume que esta é "uma solução de transporte em ambiente de temperatura controlada (entre 0º e 4º), que assegura a entrega de produtos frescos na manhã do dia seguinte à expedição da encomenda, em todo o território nacional".
"Este serviço foi pensado para apoiar os produtores e distribuidores a comercializarem os seus produtos, mas também para garantir a entrega dos alimentos mais frescos aos portugueses, em encomendas até um máximo de 31,5kg. Como tal, esta nova opção de entrega é útil para negócios, como mercearias ou restaurantes, mas igualmente para o consumidor final, que pode encomendar produtos frescos e tê-los à sua porta na manhã seguinte, durante seis dias da semana", aponta Olivier Establet.
Mas em 2021 a empresa já tinha feito uma parceria com a MercaChefe, num projeto-piloto que lhes permitiu "aferir alguns pontos de oferta que agora lançamos". Apesar de ser uma ambição antiga, Establet lembra que "um serviço com esta complexidade precisa de meses de preparação e testes, para assegurar ao mercado que a oferta é robusta e cumpre todos os requisitos".
Por isso mesmo, o projeto-piloto permitiu que a DPD Portugal analisasse todos os prós e contras existentes neste segmento alimentar. Mas esta aposta chega num momento em que os consumidores portugueses procuram a entrega de alimentos e refeições em casa no menor espaço de tempo possível. Os dados do último Barómetro E-Shopper 2022 da própria empresa indicam que este é um tipo de serviço que os portugueses valorizam, dado que têm preferido produtos de origem local, orgânicos e saudáveis.
E como funciona? "Após a encomenda ser efectuada pelo consumidor (empresa ou particular), a mesma passará pelo normal processo de preparação pelo vendedor, que solicita a recolha à DPD. O nosso condutor irá recolher a encomenda dos produtos frescos e preservá-la numa mala isotérmica, ou em veículos refrigerados, de acordo com a sua dimensão e características. Quando chega a uma das estações da DPD, a encomenda é colocada em câmara frigorífica de frio positivo, onde ficará até à manhã do dia seguinte, quando será transportada, em temperatura controlada, e entregue ao consumidor final", explica o CEO da DPD Portugal ao JE.
Uma das novidades é que, tal como as encomendas de produtos não frescos, "as encomendas a particulares dispõem de notificações interactivas, com o sistema Predict, permitindo redireccionar a entrega e conhecer a janela horária precisa de uma hora em que vamos realizar a mesma, sendo o destinatário avisado pelo condutor da DPD de que a sua encomenda é a próxima a ser entregue, permitindo assim reduzir as ausências dos destinatários" e que a entrega não seja falhada.
"Já a pensar nos requisitos específicas do segmento empresarial, será disponibilizada a indicação da temperatura a que o seu envio está a ser entregue, bem como a verificação e aceitação do destinatário, da mesma, o que irá garantir total transparência", indica.
Engane-se quem pensa que este é um produto novo dentro do universo DPD. Olivier Establet lembra que a aposta surgiu em 2002 no país vizinho, através da então SEUR Frio. "Desde então, o mesmo chegou à França (2015), Bélgica (2020) e, este ano, chega a Portugal, Lituânia e Itália".
O DPD Fresh já alcançou uma faturação consolidada de 90 milhões de euros, em 2022, nos mercados onde está presente - Espanha, França e Bélgica – com um crescimento anual na ordem dos 41%. Estando a instalar-se agora em território nacional, a empresa não apresenta valores de investimento ou de perspetivas sobre o seu futuro, indicando apenas que "existem objetivos claros para 2024".
Questionado sobre a criação de emprego através deste serviço, Establet sustenta que o investimento inicial está "apenas no reforço da estrutura para as viaturas dedicadas e os operadores das câmaras frigoríficas". "Com o incremento do número de pessoas da frota para o DPD Fresh, teremos igualmente um aumento do número de pessoas".
Olivier Establet sustenta que a chegada deste produto a Portugal "representa uma aposta no mercado nacional e um reforço do investimento da empresa no país".
"Para que este novo serviço pudesse tornar-se uma realidade, investimos no reforço das nossas infraestruturas, que contam agora com soluções profissionais para garantir a cadeia de frio desde a recolha até a entrega da encomenda, passando pelos nossos linehauls e plataformas logísticas, que foram equipadas com câmaras frigoríficas. Investimos igualmente em veículos refrigerados que nos permitirão ter uma oferta mais robusta para alguns expedidores de maior escala", indica o CEO.