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“Crescimento robusto”? Exportações em ponto morto, mas PRR empurra

Embora esteja prevista uma ligeira melhoria das vendas para o estrangeiro em 2026, as importações ainda levam a procura externa para terreno negativo. É o investimento, a reboque dos fundos europeus, que permite pensar em aceleração.

Estamos confiantes de que vamos ter um crescimento robusto”, atirou Joaquim Miranda Sarmento na apresentação do Orçamento do Estado para 2026, em que previu um crescimento de 2,3% — a mais otimista das previsões. Mas de onde virá tamanha convicção do ministro das Finanças, tendo em conta que Portugal é uma economia aberta e exposta, neste momento, a várias incertezas do mercado internacional?
Apesar de o Governo ainda ter a perspetiva de crescimento mais otimista, ao apontar para 2,3% em 2026, a verdade é que não anda muito distante de algumas entidades nacionais e internacionais que fazem previsões sobre a economia do país, nomeadamente o Banco de Portugal (em setembro) e a Comissão Europeia (em maio), ambas a acreditarem numa subida de 2,2% do PIB, ou até do FMI (já depois da apresentação do Orçamento do Estado), que antecipa um crescimento de 2,1%.
Mas ao contrário de outras entidades, a confiança de Miranda Sarmento reside, sobretudo, na procura interna, em que as ações do Governo podem ter maior impacto. E neste capítulo, esperam-se estímulos por duas vias.
Desde logo, o investimento ganha destaque no cenário macroeconómico deste Orçamento, uma vez que a Formação Bruta de Capital Fixo é a única componente que apresenta uma grande aceleração, de 5,5%, em 2026, depois de já ter crescido este ano 3,6%.
O Governo destaca para 2025 “o maior investimento em defesa, a execução dos concursos de obras públicas já lançados e dos investimentos relativos ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a par do alívio das pressões no setor relativas aos custos dos materiais e ao custo do crédito”, esperando que possam “contribuir positivamente para a dinâmica do investimento” até ao final do ano.
E em 2026, quando é suposto queimarem-se os últimos cartuchos dos investimentos do PRR, a subida será ainda maior. O investimento total financiado no âmbito destes fundos comunitários ascende a 9.367 milhões de euros, “alocado em especial aos Programas Orçamentais da Economia, Finanças, Ambiente e Energia e Infraestruturas e Habitação”, pode ler-se no relatório do Orçamento.
Além disso, o consumo privado tem uma previsão de crescimento de 2,7%, o que — embora represente um abrandamento face à subida esperada para 2025 (3,4%) — é melhor do que a generalidade das previsões para o próximo ano (incluindo do Banco de Portugal, que aponta para 2%).
O executivo sublinha que as diferenças nesta rubrica este ano e em 2026 “justificam-se com as medidas de política já adotadas”, entre as quais “a redução de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares e o suplemento extraordinário das pensões, que deverão estimular o consumo privado ainda em 2025, a par das outras medidas constantes no Orçamento do Estado para 2026, e que a maioria das restantes instituições ainda não incorporou”.

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