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Colheita contínua

Há muito tempo que o mundo de Neil Young gira à volta dos ciclos da vida: da sementeira e da colheita. Sendo esta feita à luz da Lua. Esse álbum profético que é “Harvest Moon” já explicava, há muitos anos, a luz que ilumina a rota de um dos mais fascinantes criadores da música rock americana (apesar de Young ter nascido no Canadá).

Há muito tempo que o mundo de Neil Young gira à volta dos ciclos da vida: da sementeira e da colheita. Sendo esta feita à luz da Lua. Esse álbum profético que é “Harvest Moon” já explicava, há muitos anos, a luz que ilumina a rota de um dos mais fascinantes criadores da música rock americana (apesar de Young ter nascido no Canadá). As diferentes versões que sairam das suas alianças criativas com David Crosby, Stephen Stills ou Graham Nash tornaram mais fortes as suas capacidades interventivas. E, depois, com os Crazy Horse ou a solo, Neil Young foi seguindo o seu caminho, como um nómada que nos alertava para as feridas da sociedade. Não admira que fosse num celeiro restaurado do século XIX que, com outros companheiros, e sob a proteção de uma Lua cheia, gravasse um conjunto de novas canções agrupadas sob o nome cru que é “Barn” (CD Reprise 2021).

Para um grupo de “rockers” com mais de 70 anos cada, este disco mostra que Young e os Crazy Horse ainda estão cheios de energia vital. E são dos poucos músicos que, fermentados na década de 1960, fazem música ainda relevante. Encontra-se tudo aquilo que os velhos fãs esperam: das baladas sensíveis ao rock. Neil Young sabe como isso é possível: ele passou grande parte da sua carreira a reinventar-se, evitando as modas, e mantendo-se fiel a princípios muitos fortes. Junto a Nils Lofgren, Billy Talbot e Ralph Molina, Young gravou este disco num ambiente de velhos amigos. Há aqui magia, como se escuta logo em “Song of the Seasons”, onde a guitarra acústica e o acordeão delimitam a melodia sob a direção do vento. Depois há sempre as guitarras eléctricas que iluminam as canções, como se fossem archotes. Como é visível em “Welcome Back”, outro dos grandes temas do disco: “Gonna sing an old song to you right now/One that you’ve heard before, (...) So welcome back, welcome back, it’s not the same/The shade is just you blinking.” “Change Ain’t Never Gonna” é outra das canções de protesto ambiental, que tal como a política americana, tem sido um dos temas fortes do universo criativo de Young nos últimos anos.

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