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Angola: Uma economia com pressa de crescer

A economia angolana quer fervilhar, com novos negócios, investimentos estruturantes e a abertura da economia aos privados. É uma corrida que já começou e que promete a multiplicação de oportunidades.

A economia angolana deverá crescer pouco acima dos 3% este ano, segundo as previsões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, ou mesmo mais, depois da expansão robusta de 4,6% registada no primeiro trimestre do ano. Tudo boas notícias, mas não chega. O ritmo tem de ser superior, porque há pressa.
As instituições de Bretton Woods antecipam uma taxa de crescimento média anual de 3,2% até 2027, acelerando a seguir para 3,7% até ao final da década, como projeta a Economist Intelligence Unit. A longo prazo, em meados do século, as projeções apontam para nova aceleração, para um ritmo de crescimento mais forte, em torno dos 6% por ano, ombreando com a taxa média prevista para o conjunto das economias do continente e no topo do crescimento global.
Angola tem pressa de crescer. Só isso poderá criar condições para que se resolvam muitos dos problemas que afetam o país, a começar pelo espartilho financeiro provocado pelo elevado serviço da dívida, que representará cerca de 10% do produto interno bruto (PIB). Para aumentar a capacidade de criação de riqueza, Luanda aposta no investimento em projetos capazes de alavancar desenvolvimento, com os transportes e as comunicações à cabeça. “Não é possível haver diversificação económica sem um setor dos transportes e logística eficiente”, defendeu o ministro dos Transportes de Angola, Ricardo Viegas d’Abreu, no Doing Business Angola (DBA), evento organizado pela Forbes África-Lusófona e pelo Jornal Económico. O novo aeroporto internacional, a ferrovia renovada e a dinamização dos portos estão na lista do que está a ser feito.
Depois, há um movimento para a redução do peso do Estado na economia, procurando que os mercados funcionem livremente, tendo como exemplo a redução da subsidiação dos combustíveis. A seguir, incentivando a iniciativa privada, incluindo em projetos estruturantes, como o Corredor do Lobito, o projeto ferroviário que ligará a costa Atlântica à região rica em minério de cobre no interior do continente africano, que está concessionado a um consórcio que inclui a portuguesa Mota-Engil.
Finalmente, abrindo Angola ao investimento estrangeiro, não só para os grandes projetos, mas também para a profissionalização e dinamização de setores essenciais, como o financeiro. “Angola está a criar um bom ambiente de negócios para atrair investimento privado estrangeiro”, promete o Presidente angolano. João Lourenço que esteve em Lisboa, no final de julho, e voltou a incitar os empresários a que reforcem o investimento. Aliás, como tem feito na generalidade das visitas oficiais que faz. “Queremos ver mais empresas a apostar na capacitação dos nossos jovens”, disse.
A questão da formação profissional é fundamental, claro. Atualmente, dois terços dos cerca de 38 milhões que constituem a população angolana têm menos de 25 anos, serão cerca de 60% em 2030 e metade em meados do século. Em 25 anos, a mediana estará ainda nos 22 anos. “Uma das populações mais jovens do mundo”, diz a ONU.

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