Skip to main content

China passou da restrição da natalidade para a sua promoção em regime de emergência

Há mais de 100 milhões de chineses acima dos 65 anos de idade. As consequências a todos os níveis – nomeadamente económicas – são potencialmente catastróficas e o regime de Xi Jinping quer alterar esse futuro previsional. Tem 500 milhões de dólares/ano para gastar. Mas há iniciativas levemente estranhas.

Chegaram a ser quase 100 milhões e eram conhecidos como ‘pequenos imperadores’. Quando ainda em vida do ‘Grande Timoneiro’, Mao Tsé-Tung, a China introduziu a política do filho único (nos finais de década de 70, mas já sob a influência do pragmático Deng Xiaoping), o mundo percebeu que alguma coisa estava a mudar num dos mais fechados países do planeta. Oficialmente, a intenção era a de melhorar o nível de vida, na altura paupérrimo, dos chineses e controlar uma população que ultrapassava os mil milhões de pessoas.
Como tudo o que o maoismo fez na China, o regime não se limitou a decretar a medida: envolveu-a por uma aura de nacionalismo (a bem do povo) e tratou de implementar multas pesadas para quem prevaricasse. Havia uma exceção: a província de Henan (estranhamente, a província mais populosa do país), onde os casais puderam continuar a ter dois filhos – talvez porque é considerada o berço da nação. O resultado era o que seria de esperar: em três ou quatro décadas, a China começou a envelhecer artificialmente, colocando em perigo o muito que tinha evoluído desde a nebulosa década de 70. Em outubro de 2015, o governo chinês aboliu a lei, passando a permitir dois filhos por família e em 2021 acabou por permitir três.
Mas não se pense que o assunto caiu da agenda política e os chineses passaram a ter os filhos que bem lhes apetecesse. A finalidade é que mudou 180 graus: a ‘ordem’ é agora povoar a China de chineses e impedir que o país sucumba à terceira idade – como em pouco tempo acontecerá à ‘velha’ (cada vez mais velha) Europa. Em outubro do ano passado, a China introduziu uma série de novas políticas de apoio à natalidade, “com o objetivo de construir uma sociedade mais propícia à criação de filhos, à medida que o país enfrenta profundos desafios demográficos impostos pelo rápido envelhecimento da população”, refere um texto oficial do governo liderado por Xi Jinping.
Uma diretiva do Conselho de Estado avança 13 medidas específicas para melhorar os serviços de apoio ao parto, expandir os sistemas de assistência infantil, fortalecer o apoio à educação, casa de família e sustentabilidade do emprego, “e promover um ambiente social favorável ao parto”.
O documento incentiva as autoridades locais a garantir a implementação de políticas de licença-maternidade, remuneração por parto, licença-paternidade e licença para assistência à infância. Foi estabelecido um sistema de subsídios de nascimento e os pais passaram a contar com benefícios fiscais. A área da saúde foi alinhada com o novo conceito: foram acrescentados serviços de alívio da dor do parto e tecnologia de reprodução assistida à lista daquilo que o seguro médico abrange. “O país também aumentará a educação em saúde para adolescentes para prevenir gravidezes indesejadas e melhorar os serviços de atenção à gravidez precoce e ao aborto”, refere ainda o texto oficial. Adianta ainda que adianta que “novos esforços serão envidados para aumentar o fornecimento de recursos pediátricos de qualidade, canalizar esses recursos para o nível comunitário e garantir uma distribuição mais equilibrada entre as regiões”. Foi aumentada a acessibilidade aos serviços de assistência infantil e criados centros de assistência infantil ao nível muito próximo das prefeituras e cidades. E também “as localidades com capacidade são incentivadas a aumentar os limites dos empréstimos do fundo de previdência habitacional para famílias com vários filhos, para apoiá-las na compra de casas”.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes, faça login ou subscreva o Jornal Económico