O projeto MadoquaPower2X (MP2X) em Sines, distrito de Setúbal, foi um dos vencedores do leilão do Banco Europeu de Hidrogénio. A fábrica de amónia verde vai receber 245 milhões de euros em subvenções operacionais.
A unidade vai produzir hidrogénio verde que será depois usado para produzir amónia verde, um combustível líquido que será usado para descarbonizar o sector marítimo, para reduzir o consumo de combustíveis fósseis pelos navios de transporte de mercadorias e passageiros. Uma parte da produção de amónia será usada para abastecer navios em Sines, mas a maioria será enviada via marítima para o porto de Roterdão para ser usado no abastecimento local de navios.
Em entrevista ao Jornal Económico, o fundador e presidente-executivo da portuguesa Madoqua Power explica os próximos passos do projeto, que inclui a Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), a obtenção de financiamento e a decisão final de investimento (FID).
Nascido em Goa, Rogaciano Rebelo é filho de pai português e de mãe goesa. Cresceu em Portugal, mas a sua carreira foi feita toda lá fora, tendo trabalhado em projetos petrolíferos no Irão e na Nigéria, e em projetos de infraestruturas aeroportuárias na Índia e no Dubai para multinacionais europeia e norte-americana.
No projeto de Sines, a Madoqua está acompanhada dos neerlandeses da Power2X e dos dinamarqueses da Copenhagen Infrastructure Partners (CIP).
O objetivo é ter a primeira fase a arrancar no final de 2028, com o valor do investimento a superar os mil milhões de euros para instalar uma capacidade de eletrolisação com 500 megawatts (MW) para produzir 51.000 toneladas de hidrogénio e 300.000 toneladas de amoníaco verde, usando eletricidade renovável. A segunda fase arrancará em 2030, com o investimento a atingir os 2,8 mil milhões de euros e uma capacidade de 1,2 gigawatts com o fim de produzir 50.000 toneladas de hidrogénio verde e mais de 1 milhão de toneladas de amoníaco verde por ano.
O telefone começou a tocar mais vezes depois da decisão da Comissão Europeia?
Isso mudou tudo. O comboio da Madoqua está a avançar. O próximo passo é o financial closing.
Quando?
O processo do FID começa em junho de 2025 e no final de dezembro de 2025 vai ser o financial closing. Se não for feito até lá, não há projeto. É simples.
Está relacionado com os cinco anos para colocar o projeto em marcha como exigido por Bruxelas?
Sim. Os cinco anos vão começar desde o dia em que assinarmos contrato, em junho deste ano. Isto depende tudo das identidades públicas. Primeiro a AICEP tem que entregar o terreno a tempo e horas em setembro de 2025, se for antes, melhor. Mas para chegar a este ponto tem de fazer o trabalho deles com a CCDR, a câmara de Sines, com a APA. Isto é o primeiro desafio que não está nas nossas mãos. Segundo desafio, vamos entregar toda a documentação. Depois, têm 90 dias, dentro do prazo da lei, para responder. Vamos cumprir o que existe no papel. Este projecto tem que ser seguro do ponto de vista da comunidade, do ambiente, da sociedade. Não vamos atalhar, vamos por o projeto como deve de ser. Mas as identidades têm que responder.
Como está o processo de avaliação ambiental?
O pedido de licença ambiental em Portugal é um bocadinho diferente. Aqui precisamos de fazer licenciamento com o FEED completo: o front end, engineering and design e engineering completo. Tudo completo desde o início, desde a ligação à subsestação até aos navios.
Quando é que esperam entregar o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) à APA (Agência Portuguesa do Ambiente)?
No fim do ano.
E depois?
Entregámos à APA, eles vão rever e mais dois ou três meses para termos as licenças. Mas já estamos a falar com a APA desde o ano passado, já estamos a falar sobre a configuração do projeto, os layouts, geotecnia, tudo. Isto não é um projeto que podemos fazer num dia. É uma jornada que já começamos a fazer há dois anos.
Em meados de 2025 esperam ter uma decisão ambiental?
No final do primeiro trimestre de 2025.
E o calendário para desenvolver o projeto?
Só vamos receber o terreno da AICEP em setembro de 2025. A AICEP vai preparar o terreno para entrega. Mas estamos prontos para receber antes.
A construção arranca quando?
Arranca logo no dia em que recebermos o terreno, com tudo terraplanado. Arrancamos logo com a construção da subsestação e da fábrica.
Quais as receitas previstas para o projeto?
Na primeira fase, pode ter receitas entre 320 milhões e 380 milhões por ano. Depende de produção e dos eletrolisadores. Na segunda fase, entre 580 a 620 milhões por ano.
O financiamento já está fechado?
Não está fechado. Agora começa a competição. O custo de financiamento vai fazer uma diferença. Trabalhamos desde 2016, este projeto não foi criado do ar, e está a sobreviver sem apoio externo. Só com investimento dos fundadores, até este momento. Somos dois fundadores: eu, português, e a minha esposa holandesa.
E qual o valor do investimento para Sines?
A primeira fase é 1.300 milhões de euros. Na segunda fase, e com os terrenos confirmados, aumentando a área para 60 hectares, atinge os 2.800 milhões. Isto é investimento europeu, não é da Ásia.
Estamos a falar de bancos, private equity?
Equity, fundos de pensões, bancos e dívida.
Já estão a falar com todos?
Já estávamos a falar com todo o mundo antes da declaração deste leilão. Muito antes.
Quantos parceiros é que poderão vir a ser no final?
Ninguém vai fazer isto sozinho. Será um sindicato bancário.
Quanto é que vocês pretendem?
Entre 700 a 900 milhões de euros. Estamos a ver um sistema de 40% equity e 60% financiamento.
Estão a falar com players como o Banco Europeu de Investimento?
Estamos a falar com o BEI, estamos a falar com todos os bancos na Europa.
Entregaram a empreitada a uma empresa italiana, a Maire Tecnimont...
Preferimos os italianos porque eles já estão em Sines a fazer as obras da Repsol. É mais fácil tratar com um empreiteiro que já está presente em Sines do que trazer outra equipa de fora, o que iria levar tempo e não queremos perder tempo. Já perdemos muito tempo por causa de indecisões da Comissão Europeia, e finalmente temos a decisão do banco de hidrogénio.
Quando esperam arrancar com a produção?
Precisamos ensaiar todas as máquinas... vamos começar com a produção mínima no final de 2028. Os eletrolisadores precisam arrancar em fases. Vamos ter os módulos de eletrólise a chegar a Sines e precisamos de, na primeira fase, fazer os testes, depois comissionamento e depois arranque final. É a primeira vez que se está a fazer as coisas a esta escala, precisamos de fazer alguns testes, o que vai começar em 2027, para estarmos prontos para arrancar em 2028.
Quem é que vai produzir os eletrolisadores?
Não tomámos uma decisão final sobre o fabricante. Mas tomámos uma decisão sobre a tecnologia que vai ser alcalina, e há vários produtores: China, Estados Unidos e Europa. Não há nenhuma diferença, a tecnologia é a mesma. A tecnologia alcalina existe há 100 anos. Na Noruega em 1953 tinham 200 megawatts a funcionar. Isto não é nenhuma novidade.
Não consideram que há um risco que esta tecnologia não funcione?
A tecnologia alcalina existe há décadas, o problema começa quando tentamos fazer escala. Em 2018, era uma coisa, mas estamos em 2024. Até 2027, há tempo suficiente para os fabricantes resolverem os problemas tecnológicos. Já fizemos uma pesquisa junto de mais de 20 fabricantes de eletrolisadores. E agora estamos a trabalhar com uma shortlist de cinco. E não há a mínima diferença em termos de tecnologia entre eles.
Qual a potência de cada módulo?
Depende do fabricante, cada um tem entre cinco a 10 megawatts.
Quem é que vão ser os compradores locais?
Não temos off takers locais porque não querem pagar por um produto verde, mas vão ter de pagar no fim. Todos vão pagar de uma forma ou de outra. Como? Através de impostos sobre o carbono. O off taker português não acredita ainda, mas a realidade está a mudar rapidamente.
E os compradores internacionais?
Amónia para abastecer os navios. Sines é um porto que recebe muitos navios e precisam de combustível. E também para exportação, a maior parte.
Isto vai para o norte da Europa?
Para Roterdão.
Para a indústria de fertilizantes?
Sector marítimo. Eles precisam de amónia em Roterdão por causa dos navios. Já é fácil transportar amónia, que é líquida.
Qual o risco de a transportar?
A amónia não é inflamável, o hidrogénio sim. A amónia tem risco de perigo, mas estamos a lidar com amónia há 70 anos.
Como funciona a produção?
Produzimos hidrogénio verde que depois misturamos com nitrogénio, que é produzido localmente, separando-o do oxigénio. Depois, misturamos o hidrogénio com nitrogénio dentro do reator e sai a amónia em líquido para ser usados nos navios.
Se tivermos um off taker português que quiser ter uma conversa, aceitando os custos de produção de um produto verde, podemos chegar a um preço razoável.
E já há navios movidos a amónia?
Neste momento há duas hipóteses. Há fabricantes que estão a criar kits para modificar os motores dos navios.
E há novos navios já preparados?
No ano que vem vão entrar ao serviço quatro navios. No ano seguinte, serão 25 navios. E só começamos a produzir em 2028. Comparado com um combustível de carbono tradicional, um litro de amónia ou de metanol tem 50% do seu potencial de energia, é preciso sempre misturar um produto de carbono com um de não carbono.
A Madoqua Power obteve um apoio de 0,48 euro/kg de hidrogénio verde da Comissão Europeia, mas o preço do hidrogénio cinzento está a 1 euro/kg. E o preço do hidrogénio verde custa cerca de 3 euros/kg, com a eletricidade renovável a 30 euros/MWh, isto segundo as contas do especialista em energia António Vidigal. Como é que vão fazer para cobrir o valor entre os 0,48 euros e os 3 euros?
O apoio não é para cobrir 100% do custo, estes subsídios não estão aqui para substituir o custo. Existe sim para dar o conforto suficiente, para fazer arrancar o sector. Quem vai pagar o restante? O comprador, tem de haver um prémio. O subsídio é apenas um dos ingredientes, a eficiência da tecnologia é outro, e a baixa do preço da matéria-prima é outro.
E os preços dos eletrolisadores?
Em 2019, 2020, em eletrolisador com um megawatt custa 1,2 a 1,3 milhões de euros. Hoje, o mesmo eletrolisador, com a mesma tecnologia alcalina pode chegar aos 450 mil euros.
Vamos comprar daqui a dois anos; na nossa opinião vai atingir os 300 mil euros por megawatt, na Ásia, os preços vão baixar para 200 mil euros por megawatt.
Não há muitos países com a mesma capacidade industrial da China...
Infelizmente, precisamos de viver com a China. Os Estados Unidos inventam coisas, a Europa regula e a China fabrica. Vou fazer o que é melhor para o projeto, não interessa se é chinês, se é americano, ou alemão.
A Madoqua também tem um projeto em Maceira [distrito de Leiria]. Qual é o ponto de situação?
Este é o segundo desafio. Este projeto está focado sobre a produção de metanol e captura de carbono. Temos uma colaboração com a Secil. Temos que fazer captura de CO2 e o metanol é mais fácil de vender do que a amónia porque já há navios hoje: três/quatro navios movidos a metanol, que também é líquido. Podemos transportar até aos portos de Sines ou de Aveiro usando o comboio. Mas a preferência é Sines, um porto especializado com foco na energia.
É um projeto para quando? E qual o valor do investimento?
A Maceira está um ano e meio atrás de Sines, mas é quase o mesmo valor: entre mil milhões a 1.200 milhões de euros.
De regresso a Sines, o que é preciso para passar da primeira para a segunda fase?
Nós queremos começar a produção da segunda fase em 2030. Queremos usar a mesma equipa da construção para fazer o segundo fase. É mais barato. Há uma coisa muito importante para produzir vendas: precisamos de eletricidade. Vamos falar deste assunto, não vamos esconder isto atrás dos anúncios e dos sonhos. A realidade é que todos este projetos precisam de eletricidade. Eu não tenho a certeza de qual é o programa do Estado português, não me interessa quem o está a gerir, mas quero saber qual é o programa do Estado português para produzir esta energia. Precisamos de uma decisão para ligar a produção à rede, para nós, os consumidores, recebermos a energia. Neste momento, não há claridade, há um risco, e esse factor de risco é muito elevado. Mas isto é um problema em toda a Europa, não é só em Portugal. Existem muitos projetos para ligarem-se à rede em Sines: são 17 projetos de 12 empresas. Imaginemos um momento em que toda esta capacidade de reforço e subestações é construída até 2030. Eles colocam os cabos, mas ainda vai faltar a eletricidade.
O primeiro offtake está quase feito, mas ainda não está pronto, vamos divulgar isto daqui a quatro a seis semanas. Vai ser uma empresa que vai usar isto nos seus navios. Esta amónia é só para abastecer os navios, mas podemos usar para produzir fertilizantes, ou podemos levar para outro país e fazer o cracking para hidrogénio. Mas só os operadores dos navios é que estão prontos para pagar e levantar a carga. Se houver alguém em Portugal que quiser a nossa amónia, estamos prontos para enviar através de transporte rodoviário.
Está a ser construída uma grande central solar às portas de Sines, o projeto Fernando Pessoa. Vocês vão precisar de eletricidade deste tipo de projetos? Ou vão construir as vossas?
Tem que ser tudo. Precisamos de três terawatts (TW) de energia por ano, o que equivale à produção portuguesa de um trimestre. Portugal tem hoje uma capacidade instalada de 22 gigawatts. Se queremos arrancar com tudo em Sines, temos que atingir os 44 gigawatts. Isto são projetos industriais e é preciso eletricidade para eles. É uma nova indústria que não existe: não existe mercado, não existe produto, não existe preço. Temos que criar uma revolução industrial 4.0 ou 5.0. A Revolução industrial começou com carvão e agora temos de proteger o nosso clima do carbono que vai sufocar o planeta daqui a umas gerações. Se suceder em Sines é óptimo e o país precisa da indústria. Não podemos viver só com turismo. Se não tivermos indústria, dependemos sempre dos outros, não vai haver equilíbrio estrutural na economia. Esta é a oportunidade de Portugal para mudar a estrutura da economia.
Têm previsto construir centrais solares?
Temos, para autoconsumo, não vai ser vendido no mercado. É só para nosso consumo dentro da AICEP. É por isso que precisamos perceber como vamos ligar isto à rede. E também vamos comprar eletricidade a outros promotores, recorrendo a PPA [acordos de compra], e também iremos ao mercado spot comprar quando for oportuno.
Recentemente foi noticiado que a Shell e a Engie cancelaram o seu projeto em Sines. Como é que olha para isto?
Precisamos perceber porque é que eles cancelaram este projeto. Uma empresa gigantesca como Shell tem muito lucro e podia colocar este lucro aqui, mas decidiram responder aos acionistas que querem os lucros distribuídos. Depois, saíram porque havia muita incerteza, continua a incerteza em Portugal. Não sabemos como o Governo ou o Estado português vai desenvolver os ações que nós precisamos para arrancar com esta indústria. A Comissão Europeia também não está a acelerar como a indústria quer. Os offtakers não querem pagar... não existe regulamento que force a indústria a mudar. Alguns players da indústria dizem que podem fazer isto depois, lá para o final da década. A Mandoqua não tem legacy, não temos preocupações antigas, nem de acionistas, só temos um foco: nova indústria, novo produto. Este é um momento Google.
Em relação aos projetos de hidrogénio de exportação de hidrogénio, a consultora Wood Mackenzie disse que estão a ser cancelados um pouco por todo o mundo devido a dificuldades para obter financiamento, com custos a aumentar e falta decisões regulatórias...
Isso é um facto. No papel, existem entre 90 a 100 milhões de toneladas de capacidade em desenvolvimento em várias fases em todo o mundo. Destes, só três milhões estão numa fase final de desenvolvimento ou em construção: um milhão é verde e o resto é cinzento. Aqui temos a Madoqua, e o projeto Catalina em Espanha [dos parceiros da Madoqua em Sines, a CI Partners], projetos na Austrália e no Egipto. Mas e se a Comissão Europeia não continua? E se o Estado português não faz o trabalho administrativo que tem que ser feito para arrancar com este novo setor? Refira-se as entidades públicas, juntamente com o Governo e toda a estrutura cultura, social e económica. Temos a mania de referir o Governo, mas sozinho não pode fazer isto, por isso eu digo sempre o Estado português.
Vocês estão à espera de mais respostas em termos de financiamento comunitário?
Neste momento, não. Temos já tudo o que precisamos.
Estas 51 mil toneladas de hidrogénio que preveem produzir anualmente vão servir para produzir 300 mil toneladas de amoníaco verde?
Cada quilo de hidrogénio dá para produzir 5,5 quilos de amónia.
O caso Influencer afetou o vosso projeto?
Deixou um amargo na boca de todos.
Recebeu muitas chamadas nos dias seguintes?
Sim, muitas chamadas chatas a perguntar o que está a suceder em Portugal aos investidores estrangeiros, com medo de trabalhar e investir em Portugal, por não haver consistências nas decisões. Porque em vez de trabalhar no desenvolvimento do projeto, precisava de responder que não temos nada a ver com o caso e dizer que vamos continuar com o projeto. Afetou o investimento em Portugal. Entre 2019 e 2023, houve uma reforma do sector energético, as coisas que foram feitas foram ótimas para o país, a rapidez com que o ministério do Ambiente fez as coisas e pôs Portugal à frente dos 27 países da União Europeia, foi ótimo para o país. Eu desenvolvo projetos, eu só quero construir a fábrica. Quero ver os navios a fazer exportação para a Holanda, depois posso dizer à minha esposa que é Portugal que está a salvar a Holanda [a sua esposa é holandesa].
Este projeto é então de hidrogénio ou de amónia?
Sem hidrogénio não há amónia, sem amónia não há hidrogénio. Amônia é a única maneira, tal como o metanol, para facilmente transportar uma fonte de energia a um custo mais baixo, com a infraestrutura que já existe sem fazer muito investimento. Transportar hidrogénio é impossível neste momento.
Mas se houvessem compradores em Sines, vocês venderiam hidrogénio?
Não, se houvesse alguem a produzir hidrogénio em Sines, iriamos comprá-lo. O nosso foco em Sines é só amónia; em Maceira, é só metanol. A captura de carbono é na fábrica da Secil, para dar apoio na descarbonização e utilizar o CO2 para produzir o metanol: sem carbono, não há metanol. Vamos fazer este sequestro de CO2. Isto dá à cimenteira a oportunidade para não ser penalizada com emissões e garantir a sustentabilidade da indústria.
Há alguma mensagem que que enviaria ao Governo, à tutela?
A única coisa que posso dizer é que precisamos de trabalhar juntos com foco, com a rapidez a que Portugal não está habituado, para chegar à conclusão positiva deste desafio. Só isso.
Como sabe, o licenciamento é complicado em Portugal...
Queixamo-nos de Portugal, mas Espanha é a mesma coisa, Itália também... Mas se Portugal ainda tem interesse em ficar no primeiro lugar, tem que se mexer. Se não tem interesse e quiser ficar em último, pode ficar tudo como está. Mas corre o risco de ser ultrapassado por Espanha, Itália, Marrocos... Quem vai ganhar com isso são países como Marrocos, Brasil, Namíbia e Omã. Tirando o Brasil, são ditaduras. Se eles quiserem fazer isto amanhã, fazem, não há problema.
A Comissão Europeia recebeu 132 pedidos de toda a Europa, quase 40 em Espanha e mais de 40 na Alemanha. Portugal tinha sete candidatos. Os resultados demonstram que só há duas regiões na Europa competitivas para esta indústria: Espanha e Portugal e os países nórdicos, onde existe muita energia hídrica. A Alemanha ganhou zero projetos....Portugal tem dois projetos, bem definidos, recebeu quase metade do valor. Espanha tem um projeto que é nosso primo, o Catalina da Copenhagen Infrastructure Partners (CI Partners), em conjunto com o nosso são os dois maiores projetos da Europa, neste momento.