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Alkantara 25: gerar sentido através dos sentidos

A dança e a música contemporânea enquanto força agregadora para explorar realidades geográficas distintas, mas unidas na escuta coletiva, nas feridas universais e vontades plurais. Imaginar e resistir é o mote.

“Acreditamos que são precisas várias vozes para construirmos uma visão do mundo que compreenda a complexidade da realidade à nossa volta. É preciso ouvir essa pluralidade de vozes, uma e outra vez, para que consigamos imaginar em conjunto novas realidades”, O statement é de Carla Nobre Sousa, codiretora artística do Alkantara Festival, que se dissemina pela cidade de Lisboa de 14 a 23 de novembro.
Overbo disseminar é para levar a sério, pois são muitos os palcos: Culturgest, Teatro do Bairro Alto (TBA), Centro Cultural de Belém (CCB), CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Sala Valentim de Barros nos Jardins do Bombarda (em parceria com o Teatro Nacional D. Maria II), e ainda as Galerias Municipais de Lisboa, a ZDB 8 Marvila, o Espaço Alkantara e as Carpintarias de São Lázaro.
Recuperamos o fôlego para entrar já no mote da edição de 2025, assente no triângulo “repetição, memória e capacidade de imaginar” como formas de resistência. “Gostamos da repetição. Aqui e no trabalho artístico, que muitas vezes usa a repetição para transportar memória e desejo de futuro. Repetir e lembrar. Lembrar e imaginar. Imaginar e resistir”, diz a dupla da direção artística do Alkantara, Carla Nobre Sousa e David Cabecinha.
A abertura traz audácia e uma elevada dose de coragem. E a impressão digital da artista ruandesa Dorothée Munyaneza, que no ano passado venceu a primeira edição do Salavisa European Dance Award. A Culturgest acolhe a estreia nacional do espetáculo umuko, hoje, 14 de novembro. Uma criação que vibra de alegria, amor e solidariedade, celebradas em torno de uma árvore, repositório de memórias e ponto de encontro de gerações.
Breve nota para uma nova parceria do Alkantara com as Carpintarias de São Lázaro. Um espaço que permitirá expandir os lugares das conversas pós-espetáculos, as oficinas, a música e as sessões de escuta coletiva.
Na reta final do Alkantara, a 21 e 22 de setembro, o Pequeno Auditório do CCB recebe “Os intransponíveis Alpes, à procura do Currito”. María del Mar Suárez, coreógrafa andaluza mais conhecida como La Chachi, apresenta-se em Lisboa pela primeira vez numa travessia física e emocional entre o trágico e o absurdo, entre o riso e o desespero. Flamenco que transgride, tropeça e recomeça.
Pelo meio, muitos mais criadores erguem esta “ponte” (alkantara em árabe) que une vontades de futuro, sem abdicar do presente. Por mais incómodo que seja.

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