Skip to main content

A luta continua, 50 anos depois

Os objetivos de romper com o subdesenvolvimento e conquistar a independência económica foram reafirmados. Mas agora, abrindo a economia, chamando por privados e pelo investimento estrangeiro, para crescer além do petróleo.

Há 50 anos, no primeiro minuto do dia 11 de novembro, “o silêncio reinava na praça. Da tribuna dos oradores, Agostinho Neto leu um texto proclamando a República Popular de Angola. Faltou-lhe a voz e teve de interromper a leitura várias vezes. Quando terminou, a multidão invisível aplaudiu e o povo deu vivas. Não houve mais discursos. Pouco depois, as luzes do palco apagaram-se e toda a gente se foi embora rapidamente, perdida na escuridão”. Conta Ryszard Kapuściński, em “Mais um Dia de Vida – Angola 1975”. Agora, o local foi quase o mesmo — o Largo 1.º de Maio, chamado da Independência, paredes meias com a Praça da República —, onde se ergue a tribuna presidencial para o discurso de João Lourenço. Desta vez, a festa fez-se à luz do dia, com 10 mil convidados, 45 delegações estrangeiras, 14 chefes de Estado e de governo. Desfilaram seis mil civis e quatro mil efetivos das Forças Armadas e da Polícia Nacional.
A convergência entre passado e presente também se ouviu nas palavras. “Teremos de pôr a funcionar em pleno a máquina económica e administrativa, combater o parasitismo de todo o tipo, acabar progressivamente com as distorções entre os sectores da economia, entre as regiões do país, edificar um Estado de justiça social”, afirmara Agostinho Neto em 1975. “Longo caminho teremos de percorrer”, avisou. João Lourenço retomou o fio: Angola tem dado “passos firmes para romper o ciclo de subdesenvolvimento”, mas “há ainda muito por fazer” e o objetivo do desenvolvimento “não é realizável em apenas duas décadas de paz”.
Apelou à unidade e à disciplina económica. Pediu que “as disputas e querelas partidárias” não consumam as energias do país e insistiu na necessidade de “fortalecer o setor privado, investir mais na educação”. Sublinhou que o progresso depende do esforço coletivo: “Precisamos todos de trabalhar mais e melhor e criar a consciência de que o progresso e o desenvolvimento não vêm apenas da ação dos governos, mas do esforço conjunto de toda a sociedade”.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes, faça login ou subscreva o Jornal Económico