Em que lado do espelho está a Alice europeia? Todos sabem onde é a Europa, mas ninguém tem a certeza sobre o que ela é, realmente. É uma ilusão, como Estados Unidos, Austrália e Reino Unido mostraram friamente, quando fizeram um acordo de defesa e se esqueceram de avisar a França? Talvez seja isso que torna tão aliciante “Grand Hotel Europa” de Ilja Leonard Pfeijffer, que entre as grandes cidades de Veneza e Génova e o turismo, olha para este continente a desfalecer e para um amor perdido. Como se fossem as duas faces da mesma moeda. O personagem principal (o próprio escritor Ilja Pfeijffer) deixa Veneza e vai viver para o Grand Hotel Europa para tentar sarar as feridas do seu relacionamento com Clio, uma jovem historiadora de arte por quem se apaixonou. Mas o relacionamento implodiu. O hotel é herdeiro, como se fosse ocupado por fantasmas europeus, de um longo passado. Ali, Ilja conversa longamente com os funcionários e hóspedes, enquanto vai recordando e sintetizando as razões para que tudo tivesse corrido mal com Clio. Estão ali a poeta feminista Albane, o paquete Abdul e o intelectual Patelski, todos, claro, com visões diferentes sobre o passado, o presente e o futuro. Deles próprios e da Europa.