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“Vender Portugal é fácil. Difícil é explicar porque não funciona”

País pode ser percecionado pelos investidores como uma oportunidade única mas ainda há muitos atrasos inesperados que levam a desistências.

É muito fácil vender Portugal, mas depois [os investidores] chegam cá e não é fácil de explicar porque é que as coisas não funcionam. É assim que João Ricardo Nóbrega, sócio da EY Law, encara o cenário do investimento estrangeiro em Portugal. “Portugal é fácil de vender. Se fizermos uma análise SWOT com todas as nossas forças, coloca-nos como uma oportunidade única. Mas Portugal começou com o Simplex em 2006, tudo para um ambiente amigo dos negócios. Mas se o cliente quer constituir uma sociedade, só que, depois, os registos comerciais, por exemplo, para constituição de empresas que não seja por via do mecanismo de empresa na hora, estão muito atrasados”, afirmou. Ou seja, neste momento, mesmo com o registo online todos os atos sujeitos a registo comercial estão a levar muito tempo, ainda que submetidos online. A par disto, muitos pedidos de urgência vêm devolvidos. O responsável destacou a localização estratégica de Portugal - “uma plataforma atlântica de digitalização” - destacando os cabos submarinos existentes no país. Depois, também sublinhou o potencial do país como centro logístico europeu a partir de Sines, “com a possibilidade de trazer mercadoria dos EUA até ao centro industrial da Alemanha em 11 dias”, mas sendo necessário reforçar a ligação ferroviária com Espanha. Sobre a estabilidade política, recordou que teve de explicar a clientes porque é que “numa lógica de maioria absoluta, o Governo caiu e porque e que não há estabilidade e não se concretizam os projetos”. “Temos um problema enorme na concretização de investimentos, e às vezes legisla-se demais”, disse. Apontou que no imobiliário e simplex urbanístico ainda é preciso fazer mais e que o país tem a ambição de tornar-se num hub tecnológico e que são aprovadas medidas de atratividades para trazer investimentos. “Estão todos os elementos preparados, mas depois temos o problema dos vistos que não funcionam na prática”.

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