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Trabalhadores da Autoeuropa preocupados com o tempo da paragem na produção e garantias de salários

Questionado sobre as declarações do gestor e professor universitário Luís Todo Bom sobre a saída da Autoeuropa de Portugal dentro de quatro-cinco anos, o coordenador da CT retorquiu: “Infundadas e despropositadas são as palavras mais ténues e brandas que tenho".

O coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa está preocupado com o tempo de paragem da produção na fábrica de Palmela, em Setúbal,  a partir de setembro, devido à falta de peças de um fornecedor esloveno. Rogério Nogueira pretende conhecer os mecanismos a que a administração vai recorrer para proteger os funcionários.

“A nossa principal preocupação agora é o tempo que esta situação vai demorar a resolver-se. Posteriormente, temos de perceber, da parte da empresa, quais são as medidas a implementar no sentido de garantirmos que ficam salvaguardados os interesses dos trabalhadores e os seus rendimentos, uma vez que os trabalhadores são alheios a este problema e são os menos culpados”, afirmou Rogério Nogueira ao Jornal Económico (JE).

Uma das medidas poderá ser implementada é a aplicação dos chamados downdays (dias de não produção pagos na totalidade aos funcionários), conforme referiu ontem o porta-voz da CT à RTP, elencando-os entre as “ferramentas de flexibilidade que poderão ser utilizadas” pela empresa.

Rogério Nogueira recusa que o grupo Volkswagen esteja a dar prioridade a outras fábricas no estrangeiro para o fornecimento das peças que ainda circulam, apesar dos bloqueios logísticos na Eslovénia.

“Há outras fábricas a serem prejudicadas. Não é uma questão de prioridades. O que existe é um problema, de produção do fornecedor esloveno, que afeta a fábrica de Palmela. No início de agosto, a Eslovénia sofreu cheias e a fábrica deste fornecedor foi drasticamente afetada, portanto deixou de produzir, o que está a prejudicar o processo produtivo desta fábrica e de outras fábricas da Volkswagen”, clarifica o coordenador da CT da Autoeuropa ao JE.

“Se está a priorizar não tenho conhecimento. O que sei é que vamos ter aqui alguns problemas, porque não temos nenhuma previsão de quanto tempo irá ser a paragem, mas a empresa, a seu tempo, irá certamente informar a CT”, reforçou. O JE tentou contactar a administração sobre o assunto, mas até ao momento de fecho desta edição não foi possível obter comentários.

Questionado sobre as declarações do gestor e professor universitário Luís Todo Bom sobre a saída da Autoeuropa de Portugal dentro de quatro-cinco anos, retorquiu: “Infundadas e completamente despropositadas são as palavras mais ténues e brandas que tenho relativamente a essas afirmações”.

“A Autoeuropa é uma empresa com trabalhadores responsáveis, muito profissionais, e ao longo dos anos tem demonstrado isso e merecido a confiança e o investimento da casa-mãe. Ainda agora foi anunciado um novo carro e estamos na iminência de começar a pintura, portanto, há aqui certos investimentos que contradizem essas teses alarmistas”, defendeu Rogério Nogueira.

Na segunda-feira, a administração da Autoeuropa informou os trabalhadores de que a fábrica de automóveis de Palmela, no distrito de Setúbal, deverá parar durante “algumas semanas” a partir do próximo mês.

"Na origem do problema está a falta de peças produzidas por um fornecedor na Eslovénia e que são essenciais à construção de motores", esclareceu a empresa do grupo Volkswagen, em comunicado consultado pelo JE, no qual também ressalva que o cenário se pode alterar com mudanças no fluxo da cadeia de abastecimento e que está a prestar apoio ao fornecedor visado.

A CT aguarda o agendamento de uma reunião formal com os administradores da Autoeuropa, contudo garante que está em “permanente contacto” com a mesma para receber informações sobre eventuais alterações que sejam feitas à comunicação inicial.

A administração da Autoeuropa esclareceu, em comunicado, que a paragem da produção deverá ter lugar a partir da primeira quinzena de setembro e que se deverá prolongar por algumas semanas.