A TAP espera atingir "resultados sólidos" pelo segundo ano consecutivo. As palavras foram proferidas pelo presidente executivo da companhia aérea, Luís Rodrigues, na quarta-feira durante o evento World Aviation Festival 2023 a acontecer em Lisboa.
A empresa registou lucros de 65 milhões de euros em 2022, o primeiro resultado líquido positivo no espaço de cinco anos, que contrastou com os 1,6 mil milhões de euros de prejuízos em 2021.
"Estamos a prever um segundo ano consecutivo de resultados sólidos", afirmou Luís Rodrigues na quarta-feira, referindo-se ao exercício de 2023. O responsável não deu mais detalhes, mas teve lugar um dia antes de o Governo dar o pontapé de saída no processo de privatização.
O Conselho de Ministros reúne-se hoje com o objetivo de colocar em marcha a venda da companhia aérea, que pode terminar com a companhia pública nas mãos de outra gigante europeia do sector, como os anglo-hispânicos da IAG, ou os alemães da Lufthansa.
O CEO da TAP defendeu na quarta-feira que a privatização “vai funcionar” e disse ver com bons olhos a compra da companhia por uma gigante europeia. Luís Rodrigues disse ainda ser um “grande defensor da privatização”, que vai esta quinta-feira a Conselho de Ministros para o processo arrancar formalmente.
“Amanhã [hoje] é um grande dia, porque vai sair um decreto-lei a dizer que tudo vai começar”, afirmou o gestor no World Aviation Festival 2023 que decorre em Lisboa, não se mostrando preocupado com o futuro da companhia. “Já andamos aqui há algum tempo”, resumiu.
Questionado se vê com bons olhos a compra por um grande grupo de aviação europeu, respondeu: “penso que sim”. “Iremos ganhar vantagem disso dependendo das intenções, dos planos, que a grande companhia, seja quem for, tiver para a TAP. O nosso trabalho [gestão da TAP] é providenciar informação. Vamos dar um tratamento justo seja a quem for”, garantiu.
A TAP poderá estar avaliada num valor entre 1,1 mil milhões e 1,2 mil milhões de euros, revelou recentemente a "SIC Notícias". Já o "Eco" avançou recentemente que o método escolhido para vender a companhia vai ser a venda direta, numa percentagem sempre acima dos 50%, mas que poderá ficar além (70% e 80%) ou até mesmo os 100% do capital da transportadora.
O JE questionou o ministérios das Finanças sobre se já tinha recebido as avaliações e quais as conclusões por parte do Banco Finantia e da EY Ernst Young, mas não obteve respostas até ao momento.
Durante o mesmo evento na quarta-feira, o grupo hispano-britânico IAG disse estar interessado em analisar o processo de privatização da TAP. “Queremos ver as condições de privatização da TAP. Seria algo interessante para nós”, disse Luis Gallegos, CEO da IAG.
“Lançámos a IAG como uma plataforma de consolidação, não somos uma companhia aérea, somos uma companhia com diferentes companhias. Queremos ter várias marcas e companhias aéreas debaixo do nosso portfólio. Tudo começou com a British Airways e a Iberia. Estamos sempre abertos a ter mais grandes empresas, grandes marcas, no nosso portfólio”, afirmou o responsável durante o World Aviation Festival.
No evento, o CEO da TAP também defendeu que Lisboa precisa de um novo aeroporto e que chegou a hora de avançar para a construção da infraestrutura, depois de 50 anos à procura de uma localização que satisfaça todos os envolvidos no processo.
“Não discuto localizações, mas precisamos de uma decisão. Andamos a discutir localizações há 50 anos. As coisas parecem estar a avançar agora; precisamos de uma nova infraestrutura”, afirmou Luís Rodrigues durante o evento.
O gestor destacou que a nova infraestrutura é necessária não só para aumentar a capacidade do aeroporto, mas para garantir o nível atual. Ao mesmo tempo, apontou que não faz sentido um aeroporto do tamanho do de Lisboa estar localizado dentro da cidade.