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Dinamarqueses com projeto solar de 500 milhões para Castelo Branco

Companhia espera ter os projetos a produzir no final da década, após os devidos licenciamentos. E está compradora de outros projetos, estando a negociar centrais em fase de licenciamento.

Os dinamarqueses da Eurowind Energy têm um projeto solar de 500 milhões de euros para o distrito de Castelo Branco. O projeto foi submetido à avaliação da REN no âmbito dos termos de referência, conhecidos também por acordos diretos entre os promotores e o operador da rede de transporte de eletricidade.

"Temos dois projetos de 500 megawatts (MW), 250 MW cada, e foi agora confirmado que vão seguir para estudo por parte da operadora de rede. Este é mais um passo, muito importante, na possibilidade de materialização destes projetos, que são para o fim da década. Fazendo contas muito por alto, estamos a falar de 500 milhões de euros", disse ao JE Pedro Pereira, diretor da empresa para o sul da Europa.

O gestor adianta que a empresa tem o objetivo de vir a aumentar a potência do projeto e vai começar a falar com as entidades responsáveis com este objetivo.

"Na realidade, prevemos falar com o Governo, a secretaria de Estado da Energia, e a DGEG [Direção-Geral de Energia], e com o operador de rede [REN], para discutir a possibilidade de aumentarmos a instalação eólica nestes parques híbridos, mantendo os pontos de ligação, o que não afeta a pontuação que obtivemos nos termos de referência. Estamos a propor aumentar, mantendo o ponto de rede, no interesse nacional de otimização desse ponto de rede e aumentar a produção e o fator de carga em que vamos estar a produzir. Se for acolhido este nosso pedido, que vamos fazer a seu tempo às três entidades, estamos a falar de projetos que podem ir à vontade para os 800 megawatts, se aumentarmos a potência eólica como gostaríamos de fazer", explicou ao JE à margem da conferência Solarplaza Summit que decorreu recentemente em Lisboa.

O responsável afirmou que o projeto tem previsto estar em operação "no final da década, porque é o timing para os reforços de rede. Se dependesse de nós, iniciaríamos a construção logo que tivéssemos o licenciamento completo, mas os acordos de rede que estão neste momento em curso já são para final da década, o timing expectável neste momento é 2029/2030. Se for antecipado, são boas notícias para todos, não só para nós, mas para todo o sector e para a nossa economia e sector energético, naturalmente".

A companhia também já inaugurou a sua primeira central solar: o projeto de Triana com 22 megawatts, em Alenquer, distrito de Lisboa.

E está compradora de outros projetos. Pedro Pereira revela ao JE que a empresa está a negociar a compra de projetos solares que ainda estão em processo de licenciamento.

"Estamos atualmente a fazer due diligence e em negociações para um portefólio de projetos e outro projeto separado que no seu total equivalem a 70 MW de solar. Num dos casos, pretendemos hibridizar com eólico. Mas o que está em cima da mesa em due diligence são 70 MW pico", acrescentou.

"São projetos em curso de licenciamento, em fases diferentes, alguns em fase muito avançada de licenciamento, próximos do ready to build. Outros numa fase não tão avançada. Tanto solar como eólico. Temos um portefólio só de solar, e temos um projeto hibridizável. Neste momento, estamos também a olhar para outro portefólio híbrido, solar, eólico e baterias", acrescentou o gestor.

Simultaneamente, a energética dinamarquesa tem um projeto de hidrogénio verde também para o distrito de Castelo Branco, com "5 MW de eletrolização, alimentado por um parque renovável com eólico, solar e baterias, cerca de 15 MW no total".

"Temos também um projeto de hidrogénio numa fase muito avançada de licenciamento e inclusivamente com fundos atribuídos pelo Fundo Ambiental, mas falta o principal - e aos promotores como nós que querem materializar os projetos - que é o offtake [contrato de venda da produção]. Se não temos garantida a venda do hidrogénio verde, que não é uma matéria-prima como a eletricidade, não existe um mercado para o transacionar, não podemos arrancar com um projeto. Não temos FDI [decisão final de investimento] para podermos arrancar enquanto não tivermos garantido o escoamento do hidrogénio. O projeto de hidrogénio em Castelo Branco vai ser desenvolvido num dos terrenos que vamos usar para os projetos híbridos dos termos de referência", afirmou.

Sobre o leilão de hidrogénio, Pedro Pereira disse: "Seria uma possibilidade, mas no nosso caso achamos que não, porque estamos num local com pouco fluxo de gás e que se calhar nem vai ser levado a leilão, ainda estamos à espera das regras, mas temos pouca esperança nisso. Estamos a trabalhar ativamente no sentido de encontrar soluções de offtake, ou nas proximidades ou recorrendo ao transporte rodoviário. A partir do momento em que tenhamos o offtake garantido com um contrato de longo prazo assinado, temos condições para arrancar em muito breve trecho".

Ao mesmo tempo, a energética também tem em marcha um plano de desenvolvimento de Unidades de Pequena Produção (UPP). "Estamos prontos para arrancar com a construção da segunda metade de UPP, só não arrancámos porque continuamos à espera de licenças de estabelecimento ou de autorizações de construção de linha elétrica. São 50 MW pico de UPP".