Sébastien Lecornu é o novo primeiro-ministro de França. O atual ministro da Defesa foi o escolhido por Emmanuel Macron para suceder a François Bayrou. Tem integrado todos os executivos desde 2017.
A escolha do Palácio do Eliseu recaiu sobre um aliado de longa data do presidente francês para tentar aprovar o Orçamento do Estado do próximo ano numa Assembleia Nacional dividida.
Lecornu será o quinto primeiro-ministro no espaço de dois anos. Os dois anteriores - Michel Barnier e François Bayrou - foram demitidos após tentarem aprovar orçamentos para reduir o défice francês, o mais elevado da zona euro.
Na Assembleia Nacional, o novo executivo vai deparar-se com a oposição feroz da União Nacional de extrema-direita, e a França Insubmissa de extrema-esquerda, que têm rejeitado as políticas de Macron e já exigiram novas eleições legislativas.
O executivo Lecornu vai precisar do apoio tanto da esquerda como da direita para aprovar o Orçamento do próximo ano, ou tentar que se abstenham para que o executivo mantenha-se em funções, sem novas eleições.
"A ação do primeiro-ministro será guiada pela defesa da nossa independência e do nosso poder, pelo serviço aos franceses e pela estabilidade política e institucional para a unidade do país", disse o Palácio do Eliseu em comunicado.
O executivo Bayrou tinha tentado aprovar cortes nos custos público de 44 mil milhões de euros em 2026 para tentar reduzir o défice orçamental e a dívida pública.
Mas dos 364 deputados na Assembleia Nacional, apenas 194 deram o seu voto de confiança.
Desde as eleições legislativas antecipadas do verão de 2024 que o Parlamento francês está extremamente dividido. Lecornu será o sétimo primeiro-ministro desde que Macron foi eleito pela primeira vez em 2017 e o quinto desde 2022.
Lecornu vai consultar as diferentes forças políticas no parlamento para tomar decisões sobre o próximo Orçamento e atingir "acordos indispensáveis para as decisões dos próximos meses", segundo o Eliseu.
Marine Le Pen da Reunião Nacional já reagiu: "O presidente está a disparar o último cartucho do Macronismo (...). Após as inevitáveis eleições legislativas futuras, o primeiro-minsitro será Jordan Bardella", responsável do seu partido.
Já Jean-Luc Mélenchon da França Insubmissa disse que esta é uma "comédia triste". "Pode ser que a saída de Emmanuel Macron coloque fim a esta comédia triste".
Por seu turno, o ex-PM Michel Barnier disse que o "país precisa de unidade".
Para Yaël Braun-Pivet, presidente da Assembleia Nacional, Lecornu é um "excelente ministro".
"Farei tudo para que possa trazer estabilidade ao nosso país. Ele é bastante capaz", afirmou citada pelo "Le Figaro".
Para Marine Tondelier dos Ecologistas, a resposta ao novo PM de Macron será dada pelos franceses esta quarta-feira nas ruas nos protestos inorgânicos agendados para hoje.