Crescimento orgânico e aquisições. O grupo de transporte e logística Santos e Vale, com um trajeto de mais de 40 anos em Portugal, tem tido anos de investimento movimentados. Em junho de 2020, em plena pandemia, a Santos e Vale investiu 4,7 milhões de euros em 60 viaturas para reforçar a sua rede de (então) 17 plataformas. Em 2021, ainda num cenário pandémico, investiu mais 9 milhões de euros num mega centro logístico no Carregado. E em fevereiro deste ano abriu a sua 22ª plataforma, desta feita um espaço com 10 mil metros quadrados em Alverca. Entretanto, e até ao dia de hoje, abriu mais duas. Esta é a parte orgânica.
Na terça-feira, a Santos e Vale anunciou a compra da Carfatrans, uma empresa especializada em transporte de contentores, por um valor que não foi divulgado. E este negócio faz parte da outra vertente da estratégia de crescimento: as aquisições.
"A presente aquisição enquadra-se na nossa política de crescimento, que inclui não só o crescimento orgânico, mas também aquisições e parcerias, complementando assim o nosso portfólio de serviços com um segmento importante na atividade logística em Portugal”, afirmou ao Jornal Económico Joaquim Vale, CEO da empresa.
O serviço de transporte de contentores feito tipicamente pela Carfatrans, acrescenta o mesmo responsável em exclusivo ao JE, “está a ter uma grande procura por parte dos nossos clientes, mas acreditamos que nos abrirá portas para novos clientes, que se dedicam à exportação e importação”.
“Estamos entusiasmados com as oportunidades que esta aquisição e os novos serviços trarão para o Grupo Santos e Vale, reforçando ainda mais a nossa posição no setor de logística em Portugal”, salientou Joaquim Vale, explicando que a Carfatrans, empresa que agora a Santos e Vale adquiriu, “tem cobertura nacional e inclui a carga e descarga com recurso a sideloaders, assegurando deste modo, a eficiência e segurança em todas as suas fases”.
O negócio surge numa fase de incerteza quanto ao crescimento económico, em parte provocado pelo aumento da inflação (ainda que esse trajeto pareça ter abrandado) e subida constante das taxas de juro, mas com efeitos menores do que o esperado na economia nacional (sobretudo quando comparado com as economias congéneres europeias). Joaquim Vale chama-lhe, apenas, um cenário “desafiante”.
“Apesar do desafiante contexto económico, estamos a alcançar com sucesso os nossos objetivos de crescimento, prova disso é a inauguração da nossa nova plataforma logística em Tocadelos, no concelho de Loures, com uma área de 8.000 metros quadrados e equipada com os meios logísticos de última geração. Além disso, em breve lançaremos um novo serviço de transporte rodoviário ADR de produtos químicos a granel em cisterna”, revelou ainda o responsável máximo da empresa.
A Carfatrans é reconhecida pela sua experiência no transporte de contentores, oferecendo soluções para uma variedade de clientes e indústrias. Segundo a Santos e Vale, a Carfatrans “ganhou destaque no setor de logística ao garantir operações em terra perfeitamente coordenadas, desde o transporte de contentores, a sua manipulação e a entrega no destino final, incluindo a tramitação aduaneira à exportação e importação de contentores”. Em parte devido a uma equipa “altamente qualificada e uma frota moderna”, sublinha.
Negócios como este, de aquisição, vão ao encontro de uma análise feita em fevereiro deste ano pelo presidente da Associação Portuguesa de Logística (APLOG), Raúl de Magalhães, em entrevista ao Jornal Económico.
Em resumo, o responsável da APLOG dizia esperar por fusões, mas sobretudo aquisições por parte das empresas de maior porte sobre os operadores mais pequenos.
“No transporte, acredito em operações de M&A em Portugal. E porquê? Em Espanha, que tem empresas com uma dimensão claramente superior às nossas, estamos a assistir a um conjunto de fusões e aquisições”, salientou Raúl de Magalhães. Ou seja, há apetite – até por parte de fundos de investimento – pelo sector.
Isto porque os projectos de renovação de frotas, por efeito da descarbonização, vão implicar investimentos bastante grandes e quem tiver capacidade para os fazer vai ficar no pelotão da frente.
“Esta perceção faz com que o mercado esteja relativamente apetecível, quer para fundos quer para compras para efeitos de aumento de escala. Em Portugal, eu acho que isso é possível na área do transporte nós temos um conjunto, temos poucas empresas de grande dimensão – uma Luís Simões, uma Torrestir, uma Transportes Paulo Duarte”. Mas depois há uma camada ou duas de empresas de média dimensão e são essas empresas que podem ser apetecíveis para compra ou para fusão. Então vem aí uma concentração ainda maior nas grandes empresas? “Acredito que sim. Ou dito de outra forma, pode dar-se o aparecimento de novas grandes por fusão de médias empresas”.
A Santos e Vale afirma-se como o Operador Logístico com a maior rede de plataformas de distribuição e logística em Portugal, com 24 plataformas distribuídas em território nacional.