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Sanções à Rússia põem petróleo brasileiro no radar da Índia

Maior refinaria estatal indiana está à procura de formas de diversificar fontes e repor fluxos que deverão ser interrompidos, isto apesar de várias empresas já terem garantido que continuarão a comprar crude à Rússia.

As sanções impostas pelos EUA à Índia pela compra de petróleo russo estão a levar os refinadores indianos a procurarem abastecer-se com petróleo vindo do Brasil, pressionados pela necessidade de repor os fluxos russos que foram interrompidos. A Indian Oil, maior refinaria indiana, procura até 24 milhões de barris para o primeiro trimestre do próximo ano, segundo a Bloomberg, e estará a olhar para a produção brasileira, entre outras.
A nova leva de sanções de Washington inclui gigantes russos como a Lukoil e Rosneft, levando a maior refinaria indiana a suspender contratos com os fornecedores russos e a procurarem diversificar o seu abastecimento. Neste contexto, e com a produção brasileira a bater recordes sucessivos, o Brasil surgiu como uma das principais fontes alternativas, juntamente com os EUA, Canadá e outros países sul-americanos.
O Brasil registou, em julho deste ano, novos máximos para a produção de petróleo, com 3.959 milhões de barris por dia (bpd). O campo petrolífero de Búzios, localizado na bacia de Santos, também chegou na passada semana a um novo máximo de output, produzindo um milhão de bpd a 29 de outubro em mais um sinal da vitalidade do setor petrolífero brasileiro.
A confirmar-se, este seria mais um passo na afirmação do Brasil como fonte energética no mercado asiático, onde tem vindo a crescer e solidificar-se nos últimos anos. Segundo fontes próximas da Indian Oil citadas pela Bloomberg, a refinaria indiana compra cerca de 1,5 milhões de bpd, sendo que desde 22 de outubro que não faz novas encomendas à Rússia.
Também em outubro foi anunciado um acordo para o fornecimento de 6 milhões de barris pela Petrobras à refinaria estatal indiana HPCL, tornando assim a petrolífera brasileira em fornecedora das três principais refinarias detidas pelo Estado indiano. O terceiro trimestre registou ainda novo máximo de exportações da Petrobras, com 814 mil bpd vendidos ao exterior, dos quais 72% tiveram a Ásia como destino. A China sozinha absorveu 53% das exportações, uma subida homóloga de 14 pontos percentuais (p.p.), enquanto o resto da Ásia recebeu 19%, mais 5 p.p. do que em igual período do ano passado.
Após um resultado negativo no último trimestre de 2024, a Petrobras deve assim registar o terceiro trimestre consecutivo de lucros este ano. O INEEP – Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis antecipa que o terceiro trimestre deste ano feche com um lucro de 26,7 mil milhões de reais (4,3 mil milhões de euros), fruto de um aumento homólogo de 16,9% na produção total de petróleo e gás natural no período em questão.

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