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Militares norte-americanos de regresso à América do Sul

Com o pretexto de controlar o narcotráfico, os Estados Unidos enviaram uma frota de guerra para as Caraíbas, levando o presidente da Venezuela a acusar os ‘vizinhos’ de cobiçar petróleo alheio.

Não está institucionalizada em lado nenhum, mas, desde que foi enunciada, nunca mais deixou de contribuir para a gestão das relações entre os Estados Unidos e a América Latina: a Doutrina Monroe – anunciada ao Congresso pelo presidente James Monroe em dezembro de 1823 e que reserva aos EUA o direito de intervenção política, militar ou secreta em qualquer país a sul da fronteira com o México – é um elemento central da diplomacia da Casa Branca. Serve a lembrança histórica para se compreender porque é que, sem pedir autorização a ninguém, o presidente norte-americano, Donald Trump, intensificou drasticamente a presença militar dos EUA nas Caraíbas já lá vão três semanas, ao enviar o grupo do porta-aviões Gerald Ford para a América Latina. É o movimento mais musculado de Washington na região da América Latina desde há muito – e logo com o maior vaso de guerra da história – decido supostamente para controlar o tráfico internacional de droga a partir da Venezuela.
“A presença reforçada das forças dos EUA na área de responsabilidade do USSouthCom aumentará a capacidade de detetar, monitorizar e interromper atores e atividades ilícitas que comprometem a segurança e a prosperidade do território norte-americano e a nossa segurança no hemisfério ocidental”, escreveu o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, nas redes sociais. Para além do Porta-aviões (onde estão estacionados os caças F-35), seguiram para a região mais oito navios de guerra e um submarino.
Ora, segundo os especialistas, as poderosas linhas de acesso da droga produzida na América Latina e que é vendida nas ruas das cidades norte-americanas não chegam ali vindas da Venezuela, mas sim, principalmente, do México ou diretamente da Colômbia e talvez até da Bolívia. Para todos os efeitos, a demonstração de força sob a diretiva do combate à droga não faz sentido, pelo menos segundo alguns analistas. Mais sentido faz toda aquela parafernália pousada sobre o mar, dizem os mesmos analistas, que Trump quisesse patrocinar uma mudança de regime na Venezuela e, como já aconteceu no passado, ter à frente do setor petrolífero venezuelano alguém que seja da confiança da Casa Branca. A ‘teoria’ não é apenas de alguns analistas: o presidente venezuelano Nicolás Maduro, diz exatamente a mesma coisa. Em agosto, Washington multiplicou a atribuição de uma recompensa (passou para 50 milhões de dólares) por informações que permitissem acusar Maduro de ligações ao narcotráfico internacional.

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