A corrida presidencial da Guiné-Bissau já está a decorrer, com o histórico líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, ausente das listas. Para as eleições presidenciais de 23 de novembro foram aceites pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) 12 candidaturas, além de uma das três coligações para as legislativas: a da Plataforma Republicana “No kumpu Guiné”, que apoia a reeleição de Umaro Sissoco Embaló. Tenta também a sua reeleição o antigo Presidente José Mário Vaz, o ex-primeiro-ministro Baciro Djá, João Bernardo Vieira, voz dissidente do PAIGC, e Fernando Dias da Costa. Confirmada a rejeição da inscrição da candidatura de Simões Pereira às presidenciais e da coligação PAI-Terra Ranka às legislativas, o PAIGC virou-se para o candidato independente Fernando Dias, com quem formalizou um acordo político.
“Consciente da sua responsabilidade histórica, o PAIGC decide endossar a candidatura independente de Fernando Dias da Costa, celebrando o presente acordo”, refere o documento lido pelo porta-voz do PAIGC, Muniro Conte. O acordo justifica a decisão com a necessidade de evitar um esperado “boicote das eleições, convidando os seus eleitores e a população em geral a não pactuarem com esta farsa”. “Isso nos faria cair no jogo de Umaro Sissoco Embaló, abrindo automaticamente o caminho para o segundo mandato forjado de uma forma fraudulenta”, acrescenta. O indeferimento da inscrição da candidatura da Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) - Terra Ranka, coligação liderada pelo PAIGC, foi tornada pública em meados de outubro.
Na altura, a direção do partido recusou que as eleições gerais de 23 de novembro de 2025 acontecessem “sem a participação da Coligação PAI-Terra Ranka e do candidato do PAIGC ao escrutínio presidencial”. Apesar de o prazo para a inscrição das candidaturas, que era 25 de setembro, ter sido cumprido com uma margem de seis dias, o tribunal determinou que as condições para o cumprimento dos prazos da lei eleitoral não estavam reunidas, sublinhando que a deliberação tinha “caráter definitivo”.
No dia 31 de outubro, véspera do arranque da campanha eleitoral, o Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau denunciou uma alegada tentativa de golpe de Estado, com o envolvimento de “vários oficiais”. O general Na Walna, antigo presidente do Tribunal Superior Militar, foi detido “devido ao seu envolvimento no golpe”, de acordo com o vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.
A coligação PAI-Terra Ranka, criada em abril de 2023, venceu com maioria as eleições legislativas desse ano. Contudo, foi afastada meio ano mais tarde, depois de a Assembleia Nacional Popular, presidida por Domingos Simões Pereira, ter sido dissolvida.
Corrida eleitoral começou com PAIGC excluído pelo Supremo
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Umaro Sissoco Embaló e José Mário Vaz tentam a reeleição. Entre os candidatos estão o ex-primeiro-ministro Baciro Djá, João Bernardo Vieira, voz dissidente do PAIGC, e Fernando Dias, apoiado pelo PAIGC.