A decisão de a Rússia ter avançado com a possibilidade de abertura de negociações sobre a Ucrânia não é inesperada nem no timing, nem no país a que se dirige, os Estados Unidos. Mas é também uma defesa que importa ter em atenção. Para o analista de assuntos internacionais Francisco Seixas da Costa, “é claro que a Rússia não iria propor negociações senão aos Estados Unidos”, no contexto em que o Kremlin observa o presidente ucraniano como uma espécie de ‘pião’ que pouco vale no quadro da guerra – e principalmente no quadro da paz. Vale a pena recordar que – segundo os especialistas em política russa, o antigo país dos sovietes considera-se a si mesmo uma potência mundial; ou mais propriamente a potência mundial que é desde sempre. Nesse contexto, negociações de paz só podem ter-se, considerará Vladimir Putin, com ‘o outro lado do espelho’ e não com um país que, no limite – no entender do presidente russo – é mais russo que outra coisa qualquer. E para todos os efeitos é eslavo, tal como a Rússia.