O valor mediano dos novos contratos de arrendamento de alojamentos familiares aumentou 10,5% no primeiro trimestre, para 7,46 euros o metro quadrado (m2), num total de 25.472 contratos, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, 27 de junho, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Cávado e Ave, Alentejo e Médio Tejo registaram os maiores aumentos homólogos nos primeiros três meses do ano. O presidente da Associação Nacional de Proprietários (ANP) alerta que o aumento das novas rendas vai continuar a verificar-se devido “à escassez de casas”.
“Estes números [do INE] são esperados. Apesar de não sermos astrólogos, antecipamos que estes aumentos médios vão continuar a rondar os 10%”, avançou ao JE António Frias Marques, realçando que “não há como fugir disto: há uma escassez de habitação. Há muitas casas vazias, mas não têm condições de habitabilidade”.
Para o líder da ANP, o aumento das novas rendas, divulgado pelo INE, “é para continuar, enquanto as câmaras e o Governo não construírem massivamente habitação. E já não é habitação social, e determinados estratos da sociedade, é habitação para pessoas que ganham 1.000 euros e não podem pagar uma renda de 1.500 euros”.
Frias Marques frisa aqui que “o Artigo 65.º da Constituição consagra a todos o direito a uma habitação digna e que incumbe ao Estado assegurar este direito”, acrescentando que nos últimos anos “não se fez nada” e que “há uma camada imensa da população que não tem acesso a habitação”.
“Quem tem de ter vergonha disto é o Governo e não os senhorios”, remata, considerando que o anterior Executivo “foi um desastre: as árvores conhecem-se pelos seus frutos, e estes foram péssimos e bichosos”. Já quanto ao atual Executivo, no âmbito das medidas anunciadas para a habitação, considera que estas “não indiciam nada de bom”, pois, diz, “as casas não se fazem com papel, fazem-se com terrenos, ferro, tijolos, cimento…”.
O líder da ANP alerta ainda para outro fenómeno: “enquanto as nossas fronteiras continuarem escancaradas, bem podem construir casas. Por dia, entram no país mais de 2.000 brasileiros e ninguém está preocupado com isto”.