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Reino Unido: governo prepara orçamento com base no aumento de impostos

Rachel Reeves, ministra das Finanças, recusa descartar aumentos de impostos e afirma que precisa de encontrar uma resposta aos desafios que o país enfrenta. Impostos sobre o rendimento e IVA estão na linha da frente.

A ministra das Finanças britânica, Rachel Reeves, recusou descartar aumentos de impostos no orçamento que vai apresentar este mês, insistindo que deve "lidar com o mundo como ele é, não com o mundo como eu gostaria que fosse". Citada pelo ‘The Guardian’, Reeves anunciou um aumento nos impostos sobre o rendimento – algo que o ‘seu’ primeiro-ministro, Keir Starmer, tinha a assegurado na campanha eleitoral que o levou à imensa vitória sobre os conservadores que não faria. As finanças públicas estão em pior estado do que o esperado após "anos de má gestão económica", disse a ministra.

Em conferência de imprensa realizada em Downing Street, Reeves afirmou que “cada um de nós deve fazer a sua parte” pelo futuro do país. “Se quisermos construir o futuro da Grã-Bretanha juntos, todos teremos que contribuir para esse esforço”. Num discurso que pretendia contextualizar as difíceis escolhas sobre impostos no orçamento, Reeves afirmou que os desafios económicos enfrentados pelo Reino Unido – incluindo tarifas globais, inflação persistente, cadeias de abastecimento instáveis ​​e gastos com defesa – pioraram desde o balanço financeiro do ano passado.

“Reestruturei as nossas finanças públicas, injetei recursos urgentes em serviços públicos precários e comecei a reconstruir a nossa economia. Mas, desde o orçamento do ano passado, o mundo apresentou-nos ainda mais desafios”, disse. Reeves afirmou que não se esquivaria das difíceis escolhas que tinha pela frente, mesmo que isso significasse quebrar a promessa de não aumentar o imposto sobre o rendimento, o IVA ou a contribuição social. "Eu poderia fazer o que governos anteriores fizeram, que é varrer esses desafios para debaixo do tapete, cortar gastos de capital, compensar as perdas. Mas aí estaríamos de regresso a esta situação daqui a um ano, daqui a cinco anos, com a produtividade ainda em queda livre, o crescimento abaixo do esperado e a dívida nacional continuando a aumentar. Estou a ser honesta com as pessoas”.

Acusando anos e anos de executivos conservadores de priorizarem a "conveniência política" em detrimento do "imperativo económico", a ministra trabalhista disse que não está disponível para desviar financiamento destinadas a apoiar os serviços públicos para equilibrar as contas. Desta vez, tudo acontece numa altura em que os mercados internacionais sinalizaram que o país corre o risco de ter de pedir um resgate externo. O governo desmentiu no mês passado semelhante cenário, mas os agentes económicos não deixaram de o absorver.

Reeves afirmou que o orçamento se concentraria "diretamente" nas prioridades dos britânicos: o NHS (Serviço Nacional de Saúde), a redução do custo de vida e a diminuição da dívida nacional. “São escolhas importantes que moldarão a nossa economia nos próximos anos. Acredito que serão as escolhas certas para o país”.

A ministra rejeitou os apelos da esquerda para contornar as suas próprias regras fiscais e aumentar o endividamento: "Nenhum truque contabilístico pode mudar o facto de a dívida pública ser negociada nos mercados financeiros. Quanto mais tentarmos vender, mais nos custará. É importante que todos, o público e os políticos, entendam essa realidade."

Na terça-feira, a taxa de juros dos títulos do Tesouro britânico com vencimento a 10 anos caiu 0,045 pontos percentuais, para 4,39%, enquanto que os títulos a 30 anos caíram 0,05 pontos percentuais, para 5,166%.