Portugal destaca-se entre os mercados que mais crescem para a Swappie, a startup que lidera o mercado dos iPhones recondicionados na Europa e que rapidamente se transformou numa scale-up desde a sua criação em 2016, com operação em 25 países (com foco em onze mercados) e mais de mil colaboradores de dezenas de nacionalidades. Na Europa, os recondicionados representam 10% do mercado de smartphones mas até 2027, a perspetiva é que esse mercado possa crescer 10%. Apesar de ser um mercado em expansão, alguns estudos apontam para que menos de 15% da tecnologia seja reciclada atualmente e que até 2030, o planeta acumule 7,5 milhões de toneladas de lixo eletrónico. E assim, o que propõe a Swappie? Promover a circularidade ao recondicionar iPhones que atravessam um intensivo processo até regressarem ao mercado. A marca estima que um telemóvel recondicionado gere menos 70% de CO2 face a um telemóvel novo. Esta solução parece estar a conquistar adeptos já que em 2022 a venda de telemóveis novos sofreu uma quebra de 11,3% sendo que o mercado de recondicionados cresceu quase na mesma proporção (11,5%). No total, em 2022 foram vendidos mais de 282 milhões de telemóveis recondicionados.
Portugal é um dos principais mercados
Em entrevista ao JE (no âmbito da visita do JE à nova unidade de recondicionamento de iPhones da Swappie em Talin, capital da Estónia), Sami Marttinen, CEO e co-fundador da Swappie, recebeu-nos na sede da empresa em Helsínquia. O responsável máximo da ‘scale-up’ destaca a forma como o mercado português tem vindo a crescer e como a consciência ambiental destes consumidores tem ajudado a essa implementação: “Portugal é um dos mercados que está a crescer com mais rapidez. Sabíamos que, a partir do momento em que nos estabelecessemos, iríamos chegar com facilidade a um público mais jovem, que têm maior consciência ambiental”. Nesta conversa, o empreendedor finlandês (que decidiu criar a Swappie após ser vítima de fraude quando tentou comprar um telemóvel usado online), enalteceu Portugal como “um dos mercados em que estamos mais focados e um dos principais mercados para a Swappie”. Face à média de evolução do negócio de outros mercados da Swappie, o português é um dos que mais tem crescido nos últimos dois anos.
Crescer a dois dígitos
Apesar da Swappie não divulgar números dos resultados por país (a nível global, a scale-up faturou 208 milhões de euros em 2022 e desde 2016, a Swappie já vendeu mais de um milhão de iPhones recondicionados), Luísa Vasconcelos e Sousa, country manager da Swappie em Portugal, sublinha ao JE que este mercado tem crescido anualmente a dois dígitos em termos percentuais desde que começou operações (em 2020). Em 25 mercados em que opera, “Portugal está no ‘top5’ “se olharmos para receitas vs população e no ‘top7’ quando avaliadas as receitas de cada país”, explica esta responsável. “O mercado português tem estado a correr muito bem e acima das expectativas. Queremos crescer na compra e na venda de iPhones, esse vai ser o grande foco para o próximo ano”, destaca a country manager ao JE. Esta responsável destaca que a Swappie é a marca número um na Europa na venda de iPhones recondicionados e as perspetivas para Portugal são muito positivas: “A penetração do sistema IOS em Portugal está crescer (apesar de ser uma das mais baixas na Europa, na ordem de 30%). Por isso é uma grande oportunidade”. Luísa Vasconcelos e Sousa realça que a Swappie quer desenvolver a marca e a sua presença em Portugal: “Agora somos oito em Portugal com seis pessoas na Finlândia e duas em Portugal. Queremos optar por opções mais locais em termos de métodos de envio e de pagamento, tornar a marca mais portuguesa. Queremos continuar a explicar aos portugueses o que é um iPhone recondicionado. Vamos continuar nesse caminho da sustentabilidade e em Portugal tudo aponta para um crescimento desse mercado”, destaca. A country manager, que este ano também assumiu os comandos do mercado da Swappie na Irlanda, concorda com o CEO e co-fundador da ‘scale-up’ finlandesa, relativamente à tendência em Portugal para uma consciência “cada vez mais sustentável, seja na compra de um iPhone ou de uma peça de roupa. Isso não invalida, no entender de Luísa Vasconcelos e Sousa, que o mercado português tenha “um caminho muito grande a percorrer porque grande parte do nosso negócio passa por adquirir equipamentos. Esse vai ser o grande grande foco nos próximos cinco anos. Somos líderes na venda de iPhones recondicionados na Europa mas queremos ser líderes também na compra desses equipamentos recondicionados, algo que não somos neste momento”. Explica esta responsável que de 2022 para 2023, em Portugal, desceu a percentagem de pessoas que têm conhecimento de que podem vender o seu iPhone. Por isso, a mensagem a passar é esta: “Não somos apenas vendedores de iPhones mas também compramos e recondicionamos. E não só é uma escolha mais sustentável (a pegada de carbono é de menos 78% do que um iPhone novo) mas também estimula a economia circular. É muito interessante perceber quando o mesmo iPhone que vendemos regressa ao centro de recondicionamento para ter uma nova vida”, explica.
Em entrevista ao JE, Luísa Vasconcelos e Sousa explica como conheceu a Swappie e como a marca mudou a sua imagem dos iPhones recondicionados: “Conheci a Swappie antes de vir trabalhar para cá e passei por essa experiência: parti o meu iPhone, comprei um iPhone à Swappie e a minha experiência foi tão positiva que não voltaria a comprar um equipamento novo. Porque é uma escolha mais sustentável e mais económica”. Com a marca a adotar o online como modelo de negócio (apesar da possibilidade de implementar em Portugal uma espécie de ‘ATM dos iPhones), a country manager revela que muitos clientes ficam surpreendidos pela positiva quando passam pela experiência da compra de iPhone na Swappie porque o mesmo é entregue de forma rápida e porque o processo de recondicionamento oferece garantias “como se fosse um equipamento novo”.
Portugueses “amam” smartphones
Emma Lehikoinen, chief operating officer da marca na Finlândia, é também uma entusiasta dos temas em torno da economia circular: “Na Swappie, somos super-apaixonados no sentido de querer promover a economia circular. O mercado dos telemóveis recondicionados é ainda bastante imaturo. Muitas pessoas ainda não estão cientes de que podem reciclar o seu smartphone e de acordo com alguns estudos europeus, 85% não passam por esse processo, o que representa um enorme potencial. Se estendermos o ciclo de vida em um ano, as emissões são cortadas um terço”. Sobre Portugal, Emma não tem dúvidas: os portugueses “amam” smartphones. “Lançamo-nos em Portugal há três anos e tem sido um mercado muito bem-sucedido para a Swappie. O que aprendemos sobre o consumidor português é que este é muito dedicado a este tipo de equipamentos, eles amam smartphones. Temos percebido também que em Portugal existe uma consciência ambiental também na componente tecnológica”, destacou esta responsável.
“Segurar o cliente pela mão”
A Swappie entrou em Portugal a comunicar junto de clientes mais novos e ao longo do seu tempo de existência neste mercado, tem vindo a chegar a um público com mais idade, muitas vezes através dos mais novos. O JE quis conhecer como tem sido a estratégia digital da marca em Portugal mas também como é a relação da Swappie com o cliente português, com todos os desafios que representa a presença digital. Yona Brás, digital marketing specialist da Swappie, explica que “o português precisa de sentir a confiança do outro lado. No início, metaforicamente tínhamos que segurar a mão do cliente e encaminhá-los porque para muitos era a primeira compra online. E esse conforto muitas vezes até vinha dos mais novos para os mais velhos”. Para Giovanni Ciet, customer success specialist da Swappie, considera que “chave é estar disponível para o cliente”, sendo que este responsável indica que a marca costuma ligar de volta para o cliente, algo que “o cliente não está à espera”. Quanto a futura presença física da Swappie em Portugal, Giovanni Ciet destaca ao JE que “uma loja física já daria algo mais concreto, funcionaria como estratégia de marketing e a dinamizar a marca”. Quanto a Portugal, este “é um mercado que está a crescer muito” e com “muita margem” para continuar a evoluir.
* O jornalista esteve em Talin (Estónia) e Helsínquia (Finlândia) a convite da marca