Em pleno processo de globalização, quando as fronteiras se esbatem – mesmo quando alguns tentam reerguer muros –, somos, cada vez mais, cidadãos do mundo. Numa vida de andarilho, somos de onde nascemos, do lugar onde moramos ou de onde passamos o tempo? Digo que somos de onde criamos raízes. Paulo Maló, médico dentista, empresário fundador da clínica que ostenta o seu nome, nasceu em Angola, viveu a adolescência na África do Sul, vive em Portugal. “Nasci em Angola, sou angolano e tenho muito orgulho em ser angolano; fui para a África do Sul numa altura crítica da vida e, depois, Portugal”, conta ao Jornal Económico, acrescentando, de seguida, que sente os três países como seus. “Tenho três países e não sinto que seja mais português do que angolano e mais angolano do que sul-africano. Não sinto as raízes, podia mudar facilmente de país”, afirma, explicando que, hoje em dia, na vida globalizada, passa a maior parte do tempo fora: “Eu, agora, praticamente vivo na Ásia; estou lá dez ou 12 dias, duas semanas por mês; as outras duas semanas dividem-se pelo continente americano e pelo europeu, incluindo Portugal”, conta. Mas foi em Portugal que se instalou para desenvolver os seus projetos. “Criei raízes aqui. Os meus filhos foram criados cá”, diz.