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Para rir e pensar

A mini-série “The White Lotus” nasceu do desespero.

A mini-série “The White Lotus” nasceu do desespero. Com as produções paradas, a HBO precisava de uma ideia funcional: feita rapidamente, num local isolado por causa da pandemia. Mike White foi o bombeiro de serviço: produziu, escreveu e realizou este conjunto de seis episódios que são do mais fino e inteligente que se tem visto em televisão nos últimos tempos. O luxuoso hotel White Lotus, no Havaí, é o centro de um teatro absurdo onde se cruzam os clientes ricos e os funcionários. Alguém morreu, percebe-se no início. Mas quem será? Um membro da família Mossbacher (liderada por Nicole, uma executiva da área tecnológica, acompanhada pelo marido que está perdido no mundo, pelo filho devoto da pornografia, pela insuportável filha Olivia e pela amiga desta, Paula)? Tanya (uma herdeira solitária à beira do colapso que só quer atenção e que transporta as cinzas da mãe)? O diretor do hotel, Armand? Sabe-se que não é Shane (um “menino da mamã” obcecado), que está em lua-de-mel com Rachel (uma jornalista freelance que parece estar a conhecer o verdadeiro Shane pela primeira vez e que já não sabe se casar com um rico é uma benção ou uma praga)? Mas saber quem morreu é o menos importante. Nesta comédia negra, há desde logo uma fronteira: entre os que podem ter férias ali e os que necessitam de trabalhar lá, entre mestres e servos. Não por acaso, Armand diz que os funcionários devem ser vagos e não terem personalidade. E que cada hóspede deve sentir-se como um “bebé especial”. “The White Lotus” mostra-nos a realidade quando as delicadezas sociais desaparecem.

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