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Nós e os outros

A França e Hollywood encontraram-se em “Casablanca”. Mas, nesse tempo, vivia-se no auge da II Guerra Mundial e os sonhos e os pesadelos de todos eram outros.

A França e Hollywood encontraram-se em “Casablanca”. Mas, nesse tempo, vivia-se no auge da II Guerra Mundial e os sonhos e os pesadelos de todos eram outros. Em “O País dos Outros”, romance poderoso e tentador, Leila Slimani faz com que se cruzem o universo da França e de Marrocos, durante o período final do domínio francês, após terminar a Segunda Guerra Mundial, que vem pôr em causa todos os equilíbrios existentes e acentuar as discrepâncias entre as tradições locais, os colonos franceses e parte de uma juventude local que quer a independência. O mote está dado: diferentes universos chocam entre si e confrontam-se. Esvai-se o mito da coabitação entre os colonos, a elite local e a população. Tudo começa em terras de França. Mathilde, uma jovem loira francesa da Alsácia e apaixonada, casa com Amine, um militar árabe do exército colonial francês. Ele tem um sonho: tornar um terreno herdado do pai um modelo agrícola, onde quer plantar fruta e amendoeiras. Quando o pai de Amine falava da “sua terra”, não falava como um nacionalista, mas como o proprietário que queria ter a sua terra. Ele quer concretizar esse sonho. Movem-se para uma zona remota de Marrocos e começam uma família. Ela, sonhadora, depressa desce à terra, porque naquele local é uma mulher, estrangeira e uma esposa, estando à mercê dos outros. O seu marido, entre um sonho quase irrealizável e a realidade, endurece, em todos os sentidos. E o sentido de isolamento dela intensifica-se, com o passar dos anos.

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