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Os últimos dias da Cultura

Em Portugal não há projetos de sociedade. Há apenas táticas de poder. Por isso a cultura é, para os principais líderes políticos, uma nota de rodapé ou um ‘drink’, antes das eleições.

Há alguns anos, Eric Schmidt, o antigo chairman da Google, fez a mais radical demolição do sistema que vai sendo hegemónico no mundo ocidental. Num discurso em Edimburgo, Schmidt recordava que Lewis Carroll não tinha escrito apenas uma das mais fabulosas histórias de sempre, “Alice no País das Maravilhas”, mas que também era tutor de matemática em Oxford. Num mundo tutelado pelo discurso economicista, recordou que era uma pena que os dois campos educacionais (humanidades e ciências) passassem a vida a denegrir-se, em vez de perceberem que fazem parte do mesmo sistema. Para Schmidt era necessário juntar novamente a arte e a ciência, porque isso essa era a essência da criatividade. Ao recordar que em tempos houve quem construísse pontes e escrevesse poesia, Schmidt recuperava um conceito muito caro ao desaparecido Steve Jobs, que dizia que a Apple só tinha tido sucesso porque juntara músicos, artistas, poetas e historiadores que, por acaso, também eram excelentes cientistas de computadores. Leonardo Da Vinci poderia aparecer como símbolo dessa irmandade. Ou, se quisermos, Fernando Pessoa, poeta devoto das finanças.

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