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“Os Maias”, de Eça de Queirós, inspiram bailado

Trinta bailarinos da Companhia Nacional de Dança dão vida a uma das mais emblemáticas obras queirosianas. A herança literária inspira, a dança transforma. Uma estreia absoluta sobe ao palco do Teatro Camões.

A redação daquela que viria a ser considerada a obra-prima de Eça de Queirós começou em 1880. Durante cerca de oito anos, teceu uma intriga centrada no amor incestuoso de Carlos e Maria Eduarda, que acabou por se tornar, também, numa crónica da sociedade lisboeta do início do século XIX. A pequena burguesia, “refugiada num cosmopolitismo vazio”, a elite política, “oportunista e provinciana, fechada sobre a defesa dos seus próprios interesses”, o jornalista “de escândalos, da intriga e da calúnia”, são mundos amplificados em grandes personagens, trágicas e cómicas, moldadas pelo humor satírico de Eça.
Ficaram para a posteridade e é nelas que Fernando Duarte, diretor da Companhia Nacional de Bailado (CNB) se inspira para trazer a literatura para a dança, com o bailado “Os Maias”, que a CNB apresenta até 26 de outubro no Teatro Camões. O bailado “evoca, reinterpreta e dá vida a personagens singulares e a questões intemporais, perspetivadas pela sagaz ironia queirosiana”, realça Fernando Duarte aquando da abertura da nova temporada.
Acima de tudo, existe uma enorme vontade de projetar a dança como linguagem capaz de “contar e emocionar, como poucas outras, dialogando entre o tempo passado e presente”, reforça o diretor da Companhia. Sem nunca “competir com o livro, porque o livro ganhará sempre”, sublinha. A ideia é “impulsionar a sua (re)leitura, quer para quem já o conhece, quer para quem poderá ficar desperto para o fazer”.
“Os Maias” apresentam um elenco de mais de trinta bailarinos que irá interpretar a mais recente criação de Fernando Duarte ao som de compositores como Gabriel Fauré, César Franck, Theresia von Paradis e Mélanie Bonis. A curadoria musical é de Andrea Lupi, a cenografia de José Manuel Castanheira e os figurinos de José António Tenente. Obailado em três atos será acompanhado pelo pianista António Rosado e por Solistas da Orquestra de Câmara Portuguesa,
Além da programação artística prevista, a CNB irá apresentar uma programação paralela, através do Programa de Aproximação à Dança, com ateliês e conversas pré e pós espetáculo, com artistas, especialistas e público.

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