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Opositor vai exigir a Rui Rio que não seja “uma muleta do PS”

Autor de uma carta aberta ao líder reeleito, Pedro Rodrigues pretende apelar à união e à clareza no congresso do partido. Indisponível para ficar no Parlamento, diz que Rio tem obrigação de vencer as eleições.

Nem o facto de ser um dos atuais deputados do PSDque apoiaram PauloRangel nas eleições diretas e que não se vão candidatar nas próximas legislativas impede PedroRodrigues de acreditar que o partido deve unir-se em torno de Rui Rio para obter uma maioria absoluta que julga possível, seja com o PSDsozinho ou coligado com outros partidos. Mas para que tal suceda, o advogado de 42 anos, antigo presidente da Juventude Social Democrata, defende ser necessário que o líder reeleito apresente “uma estratégia clara de alternativa aoPS e de afirmação de um programa político que volte a dar esperança aos portugueses”.

Essa é a resposta que, em entrevista aoJornalEconómico, PedroRodrigues diz esperar de Rui Rio à carta aberta que lhe dirigiu na quarta-feira, defendendo que o PSD “nunca poderá ser uma muleta do PS”, pelo que é necessário “afirmar com determinação as diferenças e defender com assertividade a nossa alternativa, negando qualquer possibilidade de coligação ou de acordo parlamentar”.

“Dirigi a carta aberta a Rui Rio sem esperar que ele me responda pessoalmente. Espero é que responda ao país e aos anseios dos milhares que procuram no PSDuma alternativa reformista para Portugal”, diz o eleito pelo círculo de Lisboa em 2019. PedroRodrigues garante que estará ao congresso do partido, a decorrer entre sexta-feira e domingo no Europarque, emSanta Maria da Feira, preparado para “desafiar” o lider reeleito a fazer a “apresentação clara” da alternativa numa reunião em que a oposição interna deve aparecer fragmentada e em que PauloRangel veio garantir que não optará por uma estratégia de confronto com Rio, que obteve o apoio de 52,3% dos militantes nas diretas.

Seguindo a mesma lógica, PedroRodrigues defende que todos os militantes e dirigentes doPSD “têm a responsabilidade e obrigação de se unirem em torno da solução que os militantes escolheram e de contribuírem para uma vitória do PSDnas próximas legislativas”. E diz estar pronto para assim fazer, ajudando a pôr termo ao que classifica como o “imobilismo dos governos socialistas”.

“Posso ter muitas divergências com Rui Rio, mas não tenho nenhuma dúvida sobre quem, entre ele e AntónioCosta, tem melhores condições para ser primeiro-ministro. Estarei incondicionalmente a apoiar, e faço o mesmo apelo a todos os dirigentes do partido - por muitas divergências que possam ter ou que possam ter manifestado a determinado momento - para que estejam ao lado do líder do partido para o ajudarmos a ganhar as eleições, o que é sua responsabilidade e a sua obrigação”.

Reconhecendo que “qualquer líder do PSD está obrigado a ganhar eleições”, Pedro Rodrigues sublinha que Rui Rio “tem uma responsabilidade particular de vencer as próximas”, na medida em que serão as segundas legislativas em que lidera o partido, sendo igualmente o líder social-democrata em funções há mais tempo estando na oposição.

Críticas às listas e ao PS
Tendo declarado a indisponibilidade para ficar nas listas de deputados, depois de ser o nono candidato por Lisboa em 2019, na sequência do resultado das diretas, o autor da carta aberta - que acaba de lançar o livro “Crónicas de um País que não se Governa e não se deixa Governar”, com prefácio de Carlos Moedas - reserva críticas à forma como a direção nacional doPSDgeriu esse processo. Nomeadamente no que toca à colocação dos atuais parlamentares Carla Barros, Alberto Machado e Cancela Moura, todos apoiantes de Rangel, nos últimos lugares da lista peloPorto. “Foi um pouco indecoroso, do meu ponto de vista”, admite, sublinhando a “enorme nobreza” de quem mesmo assim aceitou representar o partido.

Também criticada foi a dispensa deMarques Guedes, PauloLeirão, PedroAlves e Cristóvão Norte, pois “a ideia de que o grupo parlamentar deve ser constituído pelos apoiantes de alguém contraria a história e a natureza do partido”, que Pedro Rodrigues vê marcada pela diversidade e pluralidade.

No entanto, o ainda deputado diz que, tal como se deve exigir clareza ao PSDna recusa de entendimentos com o Chega, pois enquanto o PS “procura acordos parlamentares apenas para se manter no poder, o PSD nunca teve e não pode ter essa visão”, também se deve exigir aos socialistas que digam que o seu candidato a primeiro-ministro é AntónioCosta “e não outra figura que possa depois fazer acordos à esquerda”.

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