A Nvidia perdeu 589 mil milhões de dólares em capitalização de mercado esta segunda-feira, duas vezes o PIB português em 2023, naquilo que o economista e analista António José Duarte considerou "um impacto emblemático não só pela dimensão financeira".
Note-se que as ações das principais tecnológicas europeias e norte-americanas sofreram um forte rombo na sessão bolsista desta segunda-feira, 27 de janeiro, depois da afirmação de um concorrente chinês do ChatGPT, desenvolvido pela DeepSeek por uma fração do que têm custado as diferentes versões do modelo da OpenAI (este modelo utiliza menos chips Nvidia e isso pode ter desencadeado um ambiente de pessimismo no sector). Analisando as sete tecnológicas mais importantes do mundo, a desvalorização atingiu os 790 mil milhões de dólares.
O analista António José Duarte explica ao JE o que representa esta quebra: "A desvalorização da Nvidia que aconteceu esta segunda-feira - equivalente a duas vezes o PIB português - sublinha não apenas a volatilidade característica do setor tecnológico, mas também a crescente sensibilidade dos mercados às incertezas competitivas e à projeção de receitas futuras".
"O impacto deste evento foi emblemático, não só pela dimensão financeira, mas pelo alerta que representa para a avaliação de riscos no setor. Com a data de 26 de fevereiro como um marco para avaliar os resultados trimestrais da Nvidia, o mercado estará atento não apenas ao desempenho financeiro imediato, mas também às suas perspetivas face à concorrência, particularmente no que diz respeito aos avanços tecnológicos da Deepseek", destaca.
Explica este economista que "a capacidade da Nvidia de transmitir confiança em suas projeções e estratégias será crucial para ancorar o otimismo dos investidores".
Além disso, esta é uma situação que pode também mexer com o mercado e com as tendências de investimentos: "As expectativas de cortes nas taxas de juro pelo Fed ao longo de 2025 permanecem limitadas, com os mercados a descontar esta terça-feira uma descida total de 47 pontos base até o final do ano e um primeiro corte de 25 pontos base projetado apenas para junho".
Para António José Duarte, "essa perspectiva reforça a continuidade de uma política monetária relativamente restritiva nos Estados Unidos, o que tende a favorecer a aposta de investidores para ativos de menor risco, como setores não cíclicos e obrigações do tesouro americano, face ao impacto de elevadas taxas de juro por demasiado tempo na erosão da liquidez das empresas e no seu valor".
