O novobanco apresentou as contas do acumulado dos nove meses (até setembro) e é o único banco, dos três que apresentaram contas até agora, que revela uma subida dos resultados líquidos. Há um ano a realidade do banco liderado por António Ramalho era bem diferente e o banco estava a apresentar um prejuízo de 853,1 milhões em setembro de 2020. Um ano e mil milhões de euros depois e o novobanco regista um lucro de 154,1 milhões.
“No final do 3º trimestre o novobanco apresenta um resultado cuja evolução se justifica pela melhoria dos resultados operacionais do banco (+32,8%); pela redução dos custos operativos (-3,9%); pelo menor nível de imparidades e provisões (-80,8%; ou -673,7 milhões) e pelo registo em setembro de 2020 da perda de 260,6 milhões na reavaliação dos fundos de reestruturação”, revelou o banco esta quinta-feira.
António Ramalho, CEO do novobanco, sobre o 3º trimestre consecutivo de resultados positivos, diz na mesma nota que “estamos na rota da rentabilidade, de crescimento e preparados para apoiar as empresas e a economia portuguesa. É um virar de página agora também assente numa nova imagem de marca. Os resultados positivos demonstram o crescimento do negócio sustentável com o produto bancário comercial a crescer 6,8%, ao mesmo tempo que os custos operativos caem 3,9%”.
Ao contrário do novobanco, o BCP viu os lucros caírem 59,3% para 59,5 milhões e o Santander Totta reportou lucros de 172,2 milhões, a caírem 32,3% face ao período homólogo. O banco refere que este resultado foi impactado pela constituição de uma provisão de quase 165 milhões no 1º trimestre.
O BCP encontra-se hoje a sofrer o impacto da situação judicial na Polónia e portanto está numa trajetória de queda dos lucros. O banco liderado por Miguel Maya anunciou esta quarta-feira uma queda dos lucros consolidados de 59,3% para 59,5 milhões. Este resultado inclui provisões de 313,5 milhões de euros para riscos legais associados aos créditos em francos suíços na Polónia e contribuições obrigatórias para o setor bancário em Portugal de 56,2 milhões. Excluindo custos de ajustamento do quadro de pessoal em Portugal de 87,6 milhões, o resultado operacional core do BCP atingiu os 938,7 milhões, o que traduz uma subida de 8,3%.
O Millennium Bank, na Polónia, tem sido um obstáculo à rentabilidade do BCP. “Não sabemos quando é que o problema está acabado. É um tema de grande complexidade”, reconheceu Miguel Maya na apresentação de resultados. “Em 2008 a carteira de crédito hipotecário em francos suíços representava cerca de 55% e hoje é de 12,6%. Isto mostra que a situação tem vindo a ser gerida e digerida”, ressalva Miguel Bragança, CFO do BCP.
A S&P, que manteve os ratings do BCP e o ‘outlook’ estável, acredita que ao longo dos próximos 12 meses, o BCP permanecerá sujeito a ventos contrários por parte da sua subsidiária polaca detida a 50,1%. Uma vez que os riscos de litígio terão um impacto significativo nos resultados do banco. “Nas nossas previsões, assumimos que o Millennium Bank continuará a reforçar as suas provisões para os riscos [de litigância] ao longo do próximo ano, mas acreditamos que o impacto para o BCP será gerível. Prevemos que o BCP continue a apresentar fortes resultados antes de provisões na atividade doméstica e melhores rácios de eficiência do que os seus pares”, disse a S&P. O BCP viu os lucros em Portugal subirem 25% para 115,2 milhões num ano.
O novobanco tem no capital um dos pontos fracos. Depois de só ter conseguido receber do Fundo de Resolução 317 milhões o rácio CET 1 situa-se em 10,9% (rácio de solvabilidade total de 12,8%), o que o limita a sua estratégia de crescimento, nomeadamente por aquisições, após o período de reestruturação que acaba no fim do ano.
Se o capital é uma fragilidade do novobanco, também não deixa descansado o BCP. Apesar de o CEO ter frisado que não vai fazer aumentos de capital, o rácio de capital total e o rácio de CET1 (fully implemented) de 15,2% e 11,8%, respetivamente, não compara bem com os seus pares. Por exemplo, o Santander Totta reportou um rácio CET1 de 23,9%.