A Associação Mutualista Montepio (AMM) pode vir a gastar até 100 milhões de euros por ano para comprar casas para arrendar aos seus associados. A instituição espera ajudar a combater a crise de habitação desta forma. Mais tarde, e quando já tiverem condições, os associados poderão vir a comprar estas habitações.
“Nós próprios ao nível da Associação temos identificada esta necessidade junto dos associados jovens. Muitos não têm condições para sequer recorrer ao crédito bancário”, começou por dizer o presidente do grupo Montepio na segunda-feira em conferência de imprensa.
A instituição tem planeado “comprar habitações” para que os jovens as possam arrendar e “criar condições para que os associados possam comprar a sua casa”. “Uma das nossas missões é ajudar a resolver o problema habitacional dos nossos associados”, disse Virgílio Lima.
O orçamento anual pode variar entre os 25-100 milhões de euros, com a instituição a prever agilizar o mecanismo até ao final deste ano.
Virgílio Lima coloca a hipótese da própria AMM construir também casas para arrendar, recordando que no passado a instituição já construiu habitação. No entanto, considera que esta solução tem o problema de não dar resposta aos associados em todo o país. “Para que os restantes associados não sejam discriminados, vamos nós próprios comprar para arrendar aos associados”.
“Poderemos em cada ano definir um montante que estimamos entre 25 a 100 milhões, em função da evolução. Pode parecer um valor pouco relevante, mas aos fim de 5/10 anos é um valor substancial”, segundo o gestor.
“Estamos a preparar neste momento uma aprovação do regulamento de benefícios. Depois da tutela nos dar o OK, uma vez aprovado, deverá ocorrer três a quatro meses para termos condições. Até ao final do ano. Já foi apresentado na assembleia. Depois da tutela, fará uma apreciação definitiva, vai à assembleia para uma homologação”, explicou Virgílio Lima.
Na conferência de imprensa, o gestor revelou que o grupo Montepio espera fechar a venda do Banco Empresas Montepio (BEM) à fintech Rauva a “breve prazo”.
“O BEM não teve a procura esperada e procedemos à sua liquidação. Temos feito esta simplificação do grupo”, afirmou ontem Virgílio Lima.
Sobre a conclusão do negócio, Vírgilio Lima disse que “são apenas tempos regulamentares para consultas obrigatórias. É um prazo normal para este tipo de atividade”.
“Tudo indica que será concretizada a breve prazo. Estão a correr os prazos normais. São consultas imperativas que este tipo de operações determina”, afirmou, esperando a sua concretização muito rapidamente. O negócio ronda os 30 milhões de euros.
A operação ficou acordada em setembro de 2023, com o banco Montepio a fechar a venda da licença bancária do BEM à fintech portuguesa, com a sua carteira e os trabalhadores a serem integrados no Banco Montepio.
O objetivo da Rauva é fornecer aos seus clientes “serviços inovadores e adicionais, incluindo soluções de crédito, que podem ajudar os empreendedores a iniciar, gerir e também expandir os seus negócios de forma eficaz”, disse o CEO da fintech Jon Fath ao JE na altura.
O responsável também adiantou que esperam arrancar com a construção de duas novas residências para séniores a “breve prazo” e algumas para estudantes. Uma das residências sénior em estudo será na zona da grande Lisboa, adiantou.
No caso das residências para estudantes, o gestor afirmou que estão todas ocupadas a 100%, à exceção da de Braga que deverá atingir os 90% da ocupação quando arrancar o novo ano letivo. Sobre a criação de novas unidades, Lisboa e Évora são duas localizações sob estudo.
Sobre as descidas das taxas de juro, cujos cortes deverão arrancar esta semana pelo Banco Central Europeu (BCE), vão “facilitar a taxa de esforço que cada família tem de fazer. Menos juros significam maior facilidade na contração dos empréstimos”.
O grupo Montepio registou uma subida dos lucros dos 85,2 milhões para os 94,7 milhões de euros em 2023, mais 11,2% face a período homólogo, com todas as empresas do grupo a registarem lucros pelo terceiro ano consecutivo. Esta subida aconteceu à boleia do aumento da margem financeira em 55% para 461 milhões de euros, “beneficiando do aumento das taxas de juro de mercado, com o principal contributo dos juros e rendimentos similares, no qual se destaca o peso dos juros de crédito”, segundo uma apresentação da empresa.