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Marco Galinha reforça na Global Media e negoceia entrada de novo investidor

Ao que o Jornal Económico apurou, esta operação será seguida da entrada de um investidor internacional no capital da Páginas Civilizadas, a empresa do grupo Bel que detém a maior parte da posição na Global. Negociações estão em fase avançada.

O Grupo Bel reforçou a sua participação na Global Media, através de um aumento de capital de 1,5 milhões de euros que lhe permite passar a deter 50,2% da empresa proprietária de marcas como o "JN", o "DN" e a TSF, apurou o Jornal Económico. Mas esta operação é apenas um primeiro passo para algo maior: de acordo com as mesmas fontes, o grupo liderado por Marco Galinha está em negociações avançadas com um investidor internacional que passará a deter uma participação significativa na mesma sociedade veículo do Grupo Bel que agora controla a Global Media.

O Jornal Económico tentou obter confirmação oficial desta informação junto de Marco Galinha, mas até ao fecho da edição tal não foi possível. Porém, de acordo com a informação divulgada no site de Publicação de Atos Societários do Ministério da Justiça, a operação já teve lugar, foi registada no dia 14 de julho e teve duas fases: na primeira, o capital foi reduzido em 20 milhões de euros, para cobrir prejuízos de anos anteriores, dando cumprimento a uma deliberação da assembleia geral da Global Notícias de 26 de junho último. Na segunda, teve lugar a emissão de novas ações com o valor nominal de 3,73 euros, no montante de 1,5 milhões de euros.

Estas ações foram subscritas pela Páginas Civilizadas Lda, a subsidiária do Grupo Bel que agora controla diretamente 41,5% do capital. Indiretamente, esta percentagem é superior: a Páginas Civilizadas detém 100% de outra empresa do grupo, a Grandes Notícias Lda, que por sua vez é dona de 8,7% da Global Media. Assim, através da Páginas Civilizadas, Marco Galinha passou a controlar 50,2% da Global Media. O restante capital permanecerá nas mãos dos acionistas José Pedro Soeiro (20,4%) e Kevin Ho (29,35%).

A informação relativa à nova estrutura acionista foi confirmada pelo Jornal Económico no Portal da Transparência da ERC, onde já se encontra disponível.

A nova estrutura acionista levará a uma reconfiguração da administração da empresa, a partir de setembro. Um primeiro passo nesse sentido foi dado ontem, com a a nomeação de Paulo César Lima de Carvalho para a administração da Global Media, indicado pelo Grupo Bel.

A reconfiguração da estrutura acionista da Global ocorre numa altura em que outras várias grandes operações têm lugar no sector da comunicação social portuguesa, com um management buy out na Cofina e a venda de "A Bola" a um grupo suíço.

Uma nova estratégia de internacionalização

A entrada de um novo investidor traduzir-se-á no lançamento de uma estratégia de internacionalização da Global Media, com foco nos países de língua portuguesa, de acordo com as mesmas fontes. O grupo pretende também reforçar o investimento no seu portfólio em Portugal.

O grupo Bel entrou no capital da Global Media em 2020, com uma participação de 29,7% do capital, tendo Marco Galinha assumido a presidência do Conselho de Administração. Na altura, o grupo de media somava prejuízos anuais na ordem dos 18 milhões de euros e encontrava-se em crise profunda.

A redução de custos que a nova gestão levou a cabo nos anos seguintes foi acompanhada de alguma tensão na empresa, merecendo críticas por parte dos órgãos representativos dos jornalistas, que se queixam de falta de meios humanos em jornais como o secular “Diário de Notícias”, que voltou a ser publicado em papel todos os dias, após a entrada do Grupo Bel. Mas ao longo dos últimos anos, os resultados operacionais do grupo melhoraram de forma significativa, com o EBITDA a tornar-se finalmente positivo em 2022, com 90 mil euros.

Por sua vez, a dívida bancária, que durante muitos anos foi um problema crónico da empresa de media, praticamente deixou de existir. O grupo empregava 505 pessoas no final de 2022, numa ligeira redução face às 527 que ali trabalhavam um ano antes.