Skip to main content

Jovens licenciados ganharam mais 34% do que trabalhadores com o secundário em 2023

Estudo "Estado da Nação", da Fundação José Neves, divulgado esta quinta-feira, conclui que depois de ter diminuído durante anos, face ao secundário, a vantagem salarial para quem faz o superior cresceu no ano passado. No geral da população ativa, a diferença situou-se em 49%.

Um jovem licenciado, entre os 25 e os 34 anos, ganhou em média mais 34% em 2023 do que um jovem da mesma idade com o ensino secundário. A edição 2024 do relatório Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal, da Fundação José Neves, divulgado ao primeiro minuto desta quinta-feira, 11 de julho, confirma com dados estatísticos que estudar compensa mesmo em termos salariais.

"Face aos anos anteriores, verifica-se uma recuperação da vantagem salarial do Ensino Superior, depois do decréscimo verificado de 2021 para 2022, de 37% para 27%".

A diferença aumenta se tivermos em conta o universo da população ativa entre os 18 e os 64 anos: o ganho adicional de ter o ensino superior face ao ensino secundário foi de 49% em 2023. No entanto, é de salientar que a diferença tem vindo a esbater-se ao longo da última década, tendo chegado a ser em 2011 de 71%.

Além do impacto positivo da educação no emprego e nos salários após a pandemia Covid-19, a edição 2024 do relatório anual da Fundação José Neves destaca o contributo do ensino profissional para a transição digital e aborda o impacto da digitalização e da Inteligência Artificial na composição do trabalho, equacionando o aparecimento de um novo mercado de trabalho português.

 

Mais digitalizadas pagam melhor

As  empresas mais digitalizadas têm mais produtividade e pagam melhores salários, conclui o relatório. A maior parte destas empresas (58,5%) está nas atividades de informação e de comunicação, seguindo-se a energia e a gestão de resíduos, com 58%. A dimensão é outro indicador que conta no índice de intensidade digital. Quanto maior a empresa, maior a digitalização. " Entre os mais jovens, a intensidade digital do emprego mantém-se alta sobretudo entre os diplomados no Ensino Superior", salienta.

A digitalização do emprego deu um salto na pandemia que se confirma no pós-pandemia. No final de 2023, 11 em cada 100 trabalhadores portugueses trabalhava de forma regular em casa e com recurso a TIC. O teletrabalho passou a ser cada vez mais híbrido, tendo aumentado 22% entre o 2º trimestre de 2022 e o 4º trimestre de
2023. São sobretudo os mais jovens, em particular mestres e doutores, que mais deslocalizaram o trabalho para casa, especialmente nas áreas de Gestão (49,7%), do Ensino (61,9%) e das TIC (80,5%).

Entre 2019 e 2023, os níveis de emprego e de participação no mercado de trabalho português recuperaram a trajetória de crescimento anterior à pandemia. Em 2023, a população empregada estava nos 4,9 milhões, em 2019 nos 4,8 milhões e 2020, em plena crise pandémica, nos 4,6 milhões.

"Neste período, o mercado de trabalho recompôs-se e tornou-se mais qualificado", salienta a Fundação José Neves. Esta recomposição, explica, "prende-se, em grande parte, com o crescimento do peso de sectores mais intensivos em conhecimento e tecnologia, com profissões qualificadas associadas à gestão e às TIC e associadas a tarefas mais administrativas, que ganharam peso no emprego nos últimos anos".

No período em análise, foi sobretudo o emprego de licenciados que cresceu do ponto de vista relativo: 24% entre os mais jovens (18 aos 34 anos) e 16% entre os trabalhadores adultos (35 aos 69 anos). Um dado não despiciendo diz respeito aos mestrados: as ofertas de emprego que têm como requisito esta qualificação são cada vez mais importantes. O seu crescimento terá acelerado a partir de 2022, já numa fase pós-pandemia, passando de 35,6% em janeiro de 2022 para 38,5% em dezembro de 2023.

Os jovens com mais formação também estão mais protegidos do desemprego do que os que não a têm. "O ano de 2023 assistiu a uma recuperação dos níveis de desemprego jovem para valores mais próximos dos registados antes da pandemia, dando sinais de uma recuperação quase completa".

Os números indicam que no final de 2023, o desemprego entre os 25 e os 34 anos situava-se nos 7,4%, bem acima dos 6,6% da taxa global. Uma análise ao desemprego por qualificações conclui que a taxa de desemprego dos diplomados do Ensino Superior foi de 5,3%, valor bastante abaixo dos 9% registado para os jovens da mesma idade sem esse nível de qualificações.