Negociações lideradas pelo Qatar e seguidas de perto pelos Estados Unidos estão, segundo os jornais israelitas, a tentar encontrar uma plataforma a partir da qual seja possível a libertação de 12 reféns mantidos pelo Hamas (incluindo seis norte-americanos), em troca de um cessar-fogo de três dias na Faixa de Gaza.
"As negociações seguem em torno da libertação de 12 reféns, metade deles norte-americanos, em troca de uma pausa humanitária de três dias, para permitir que o Hamas os liberte e para que o Egito entregue ajuda humanitária", afirma a fonte citada pela imprensa.
Entretanto, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, voltou a Israel para se encontrar com o o seu homólogo Benjamin Netanyahu pela segunda vez desde o início da guerra entre Israel e o Hamas. A Holanda também anuncia planos para enviar um navio da Marinha para levar bens humanitários a Gaza “quando possível”, dizendo esperar que o navio de patrulha costeira MS Holland parta em meados de novembro e esteja perto de Chipre até o final do mês.
Não sendo costume haver coincidências em questões políticas, talvez o facto de Mark Rutte já se ter deslocado a Israel por duas vezes desde 7 de outubro fique a dever-se ao facto de haver eleições antecipadas marcadas para 22 de novembro. Mas a falta de coincidência não é direta: segundo a imprensa dos Países baixos, Mark Rutte – o primeiro-ministro há mais tempo em funções na história do território – anunciou a retirada definitiva da política e não vai recandidatar-se. Fica, segundo os analistas, a alternativa de Rutte estar já a trabalhar no sentido de prosseguir a sua carreira política na União Europeia – ou na NATO – especialmente numa altura em que um dos potenciais concorrentes, o português António Costa, pode não estar em condições de ‘tentar a sua sorte’ no quadro da União.
Rutte, que chegou a Israel vindo precisamente do Qatar, escreveu no X que falou “sobre os reféns, que estão detidos pela organização terrorista Hamas há semanas", durante as reuniões em Doha “Eles devem ser libertados o mais rápido possível e reunidos com os seus entes queridos", acrescenta Rutte. "A Holanda está muito grata ao Qatar pelos seus esforços para tornar isso possível”.
Uma reportagem do jornal egípcio “Al-Akhbar” afirma que o Cairo está perto de chegar a um acordo para uma pausa humanitária nos combates em Gaza, em troca de uma troca de prisioneiros e reféns mantidos pelo Hamas.
No mesmo sentido humanitário, Itália enviou um navio-hospital para a região, que ficará estacionado na costa de Gaza para ajudar a população palestiniana, anunciou o ministro da Defesa, Guido Crosetto. A missão é um sinal concreto da "proximidade da Itália com o povo palestiniano, e de distância dos terroristas do Hamas". O navio Vulcano tem 170 pessoas a bordo, incluindo pessoal médico e militar
Entretanto, Israel vai manter "responsabilidade de segurança" sobre a Faixa de Gaza por algum tempo após o fim da guerra contra o Hamas, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em entrevista à cadeia norte-americana ABC. “Acho que Israel terá, por um período indefinido, responsabilidades de segurança", disse Netanyahu, até porque, afirmou “vimos o que acontece quando não temos essa responsabilidade: a erupção do terror do Hamas numa escala que não poderíamos imaginar”.
A intenção de Israel manter o controlo sobre a Faixa de Gaza foi sinalizada mal se deu a reação armada às investidas do Hamas em 7 de outubro – com os Estados Unidos a afirmarem de imediato que não apoiariam qualquer permanência do Estado hebraico no enclave depois da guerra.
Por outro lado, o jornal israelita “Haaretz” afirma que o Ministério das Finanças emitiu uma diretiva permitindo que os ministérios do governo aceitem doações públicas relacionadas com a guerra. As diretrizes permitem que indivíduos e fundações filantrópicas deem dinheiro diretamente ao governo, em vez de a uma ONG.
O mesmo jornal identificou de imediato a possibilidade de a decisão abrir portas para uma influência externa nada própria ao cenário de guerra e à possibilidade de aproveitamento da boa vontade das pessoas por parte de organizações pouco idóneas.