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Inflação e Powell ditam perdas das ações e das obrigações

Fecho da semana: Os índices dos Estados Unidos registam terceira semana consecutiva de perdas, penalizados pela subida dos rendimentos do tesouro e pelos resultados mais fracos da banca.

A inflação em março medida pelo índice de preços no consumidor subiu para 3,5%, de 3,2% em fevereiro e 3,1% em janeiro. Impulsionada pela subida dos preços da gasolina e pelas rendas da habitação mais elevadas (shelter), esta escalada dos preços no consumidor afastou quase por completo eventuais cortes das taxas de juro pela Reserva Federal dos EUA este ano. Dos seis a sete cortes estimados no início do ano, atualmente o mercado monetário espera apenas um ou dois cortes das Fed Funds Rate em 2024, sendo de 50% a probabilidade de existir apenas um corte.
O presidente da Fed referiu que os “dados mais recentes mostram um crescimento sólido e uma força contínua no mercado de trabalho, mas também uma falta de progresso adicional até agora este ano no regresso à nossa meta de inflação de 2%”. Powell indicou que o atual nível de política monetária provavelmente permanecerá em vigor até que a inflação se aproxime da meta, corroborando como pouco provável que cortes nas taxas de juro estejam iminentes em breve.

No que toca à zona euro, o governador do Banco Central de França frisou que caso não haja uma grande surpresa, o BCE deveria cortar as suas taxas de juro na próxima reunião de 6 de junho, estando François Villeroy de Galhau suficientemente confiante sobre a trajetória desinflacionista na área do euro. Também a presidente do BCE referiu que o banco central da zona euro se aproxima de uma redução das taxas, salvo grandes surpresas. No entanto, o atual governador do banco central da Áustria, Roberto Holzmann, um dos membros mais conservador do BCE, alertou que é mais seguro não apressar os cortes das taxas de juro. As tensões no Médio Oriente representam a maior ameaça a um possível corte das taxas de juro por parte do BCE, salienta Robert Holzmann. Os preços da energia têm sido um dos fatores mais importante na luta europeia para travar a inflação, e um aumento abrupto dos preços do petróleo, por exemplo, constituiria uma ameaça à estabilidade de preços na Europa.

Entretanto, a cotação do ouro, apesar das perspetivas de taxas de juro mais altas por mais tempo, mantém-se perto de máximos históricos. Antecipa uma recessão? É certo que taxas de juro elevadas retiram atratividade ao ouro (um ativo que não gera rendimento, valendo apenas aquilo que dão por ele), mas a inflação ainda elevada e persistente, perto dos 4% nos EUA, distancia os investidores do dólar, desempenhando o ouro um cabal ativo de refúgio, justificando também a rara correlação negativa há dois anos entre o rácio cobre/ouro e o rendimento do tesouro dos EUA a 10 anos. O rendimento do tesouro a 10 ano subiu perto de 265 pontos base de 2% para quase 4,65%, sinalizando crescimento económico. Qual estará certo? Normalmente, o rácio cobre/ouro tende a antecipar entre seis a doze meses a evolução dos rendimentos do tesouro. Então uma recessão ocorrerá em 2025?

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