Um grupo de empresários de que faz parte Marco Galinha apresentou ao World Opportunity Fund (WOF) uma proposta para comprar o "Jornal de Notícias" e "O Jogo", por 12 milhões de euros, revelou o CEO da Global Media, José Paulo Fafe (na foto), na sua audição no Parlamento, na passada terça-feira à noite. José Paulo Fafe, que foi indicado pelo fundo WOF para a presidência executiva da Global Media, considerou que essa proposta não resolveria os problemas do grupo, que se encontra em graves dificuldades financeiras e com salários em atraso.
A proposta de 12 milhões de euros incluiria a passagem, para os compradores, da dívida fiscal de 6,9 milhões de euros (que está a ser paga em prestações ao abrigo de um plano de regularização), pelo que o encaixe líquido para a Global Media seria de cerca de cinco milhões de euros. Além disso, o grupo perderia o "JN", que é o seu único jornal rentável, com um EBITDA na ordem de 1,5 milhões de euros.
Ao que o Jornal Económico apurou, o WOF recebeu outra proposta, também de um grupo de empresários nacionais, para a realização de um aumento de capital de pelo menos cinco milhões de euros, para estabilizar a tesouraria da empresa, em troca de uma participação de 51%. Até ao fecho, não foi possível apurar se a proposta foi entregue pelo mesmo consórcio de empresários de que, segundo José Paulo Fafe, faz parte Marco Galinha.
O empresário Marco Galinha foi até julho o principal acionista da Global Media, através da holding Páginas Civilizadas, que controla 52% do capital. Vendeu depois o controlo desta última ao WOF, mantendo-se como minoritário, com 49%. Galinha foi ouvido no Parlamento também na terça-feira e disse que o WOF não cumpriu os compromissos que assumiu no contrato de aquisição e garantiu que a sua equipa jurídica vai pôr em marcha todos os mecanismos legais necessários para resolver a situação.
Por sua vez, na sua audição, José Paulo Fafe disse que a situação do grupo deve-se à má gestão por parte das administrações anteriores e prometeu que os salários referentes a dezembro serão regularizados no início da próxima semana. Na segunda-feira, explicou, teve a "promessa de, até início da semana que vem, [de] uma transferência que pague os salários que estão em atraso" e "a promessa do fundo de analisar a hipótese de fazer um pacote de ajuda extraordinária" ao grupo.
Os trabalhadores do "Diário de Notícias", "Jornal de Notícias", TSF, "Dinheiro Vivo" e "O Jogo" cumpriram ontem um dia de greve por salários em atraso, com os delegados sindicais a sinalizarem adesão total.