A Rússia está a caminho de atingir um recorde em novos furos de petróleo pelo segundo ano consecutivo. Os dados de 2023 ainda não estão fechados, mas apontam para um novo recorde.
Nos primeiros 11 meses de 2023, a Rússia furou mais de 28 mil quilómetros de poços de petróleo, a caminho de bater o recorde pós-soviético registado em 2022, segundo os dados da "Bloomberg".
O país vai fechar o ano com mais de 30 mil quilómetros de poços perfurados, segundo as previsões da Kpler e da Yakov&Partners.
Apesar das sanções internacionais e da pressão sobre Moscovo depois da invasão da Ucrânia há dois anos, o sector do petróleo continua bastante ativo a tentar substituir os poços mais antigos, e menos rentáveis.
Os poços em operação há mais de cinco anos correspondem a 96% da produção total da Rússia, segundo dados relativos a 2022 do Oxford Institute for Energy Studies.
"A razão principal para o crescimento na perfuração na Rússia é a necessidade de lançar novos poços, que têm de ser lançados à medida que as áreas atuais vão-se esgotando", segundo Gennadii Masakov da Yakov&Partners.
Mas o caminho não tem sido fácil. Os Estados Unidos sancionaram dezenas de empresas que produzem equipamento de perfuração e desenvolvem novas técnicas de produção para limitar as "capacidades extrativas da Rússia".
Já a União Europeia impôs restrições em 2022 à venda de equipamento, tecnologia e serviços ao sector energético russo.
Dois dos maiores fornecedores mundiais de equipamentos - a Halliburton e a Baker Hughes - venderam as suas filiais russas, com outros fornecedores como a SLB e a Weatherford International a manterem-se no país.
Segundo a consultora Rystad, "apenas 15% do mercado doméstico de perfuração depende de tecnologias de nações não-amigáveis".
Por sua vez, a Kpler aponta que a maioria das empresas ocidentais do sector abandonou a Rússia, mas deixou as operações intactas entregue às suas subsidiárias.
As receitas dos maiores produtores de gás e de petróleo do país caíram 41% nos primeiros nove meses de 2023, com a queda do volume de exportações e o recuo dos preços. O barril de Urals, a referência para o país, recuou 26% durante este período, com as exportações através do oleoduto Transneft a recuarem 8%.
O Governo de Moscovo prevê um défice orçamental de 1%, abaixo dos 2% previstos anteriormente.
O grupo dos sete países mais ricos do mundo (G7) impuseram um limite máximo de 60 dólares por barril de petróleo russo, o que levou a Rússia a desviar a sua produção para países como a China e a Índia.
A "Reuters" aponta que a Índia é agora o maior comprador de petróleo russo, exportado por via marítima.
Em dezembro, a Rússia garantiu que iria aumentar os seus cortes na produção de petróleo em quase 50 mil barris diários, à medida que a OPEP+ tenta conter os preços nos mercados, num apelo liderado pela Arábia Saudita junto dos membros da organização.
O barril de Brent negociava na quarta-feira nos 76,56 dólares, menos 2% face há um ano.