Não há duas sem três. Que o diga a Web Summit, que em 2024 tem uma conferência em Lisboa, uma no Rio de Janeiro e uma em Doha, além do Collision em Toronto e do Rise em Hong Kong. Deve Portugal preocupar-se com tantas réplicas da mesma cimeira de tecnologia?
Pelo contrário, segundo o diretor executivo da Startup Lisboa e da Fábrica dos Unicórnios (Unicorn Factory Lisboa). “A Web Summit do Qatar pode ser muito interessante para Portugal no sentido de criar pontes para a Ásia e para o Médio Oriente por serem mercados em expansão e com capacidade de investimento significativa”, argumenta Gil Azevedo ao Jornal Económico (JE).
“É verdade que ainda não sabemos bem como vai estar organizada, mas esta primeira edição deverá ser mais um teste. Algo mais conceptual. Algumas startups portuguesas que estão no processo de internacionalização e pretendem criar ligações mais fortes com estes mercados, tradicionalmente mais complicados, querem utilizar a Web Summit para irem lá e conhecem”, diz Gil Azevedo.
Há cerca de uma dezena de empresas incubadas na Startup Lisboa que demonstraram interesse em estar presentes na Web Summit Qatar, que se realiza já nos próximos dias 26, 27, 28 e 29 de fevereiro. A incubadora da capital está a reunir a lista final de nomes – que são áreas como Inteligência Artificial, desporto (sportstech) ou saúde (healthtech) - e a colocar os empreendedores em contacto com a Web Summit.
A Startup Portugal também está a escolher startups - das que participaram no programa Road 2 Web Summit e que têm o evento e o mercado do Médio Oriente identificados no roadmap - a prepará-las para o "calor" do Golfo Pérsico, sabe o JE.
A Web Summit, agora liderada por Katherine Maher, está a contar com a participação de delegações de Portugal - empreendedores e representantes oficiais de instituições - nas três cidades além de Lisboa (Doha, Rio de Janeiro e Toronto). “Portugal está consistentemente entre os dez principais países representados nos nossos eventos globais e esperamos que isso continue em 2024”, esclarece fonte oficial da Web Summit ao JE.
Do Governo português, há pouca adesão até ao momento. O secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa não recebeu qualquer convite para ir à Web Summit Doha, pelo que não prevê estar presente. Por parte do Ministério da Economia e do Mar, chegou ao JE a resposta de que também não estará presente. Na lista de confirmados só está o secretário de Estado da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz.
Só neste primeiro semestre, a Web Summit organizará três eventos: a Web Summit inaugural do Médio Oriente, a segunda no Brasil, entre os dias 17 e 19 de abril, e o norte-americano Collision, em Toronto, de 17 a 20 de junho. A estimativa é que as duas Web Summits – Qatar e Rio – tenham mais de 7.500 participantes e 30 mil participantes, respetivamente. Ou seja, a Web Summit carioca deverá contar com mais dez mil pessoas do que no ano passado.
"A edição de 2023 foi uma agradável surpresa, tanto no interesse que gerou na nossa comunidade de startups, como em resultados concretos partilhados por muitas startups que participaram. Essa foi uma das razões que nos levou a reforçar a aposta no mercado brasileiro, alargando a nossa ação a outra geografia com a participação no Startup Summit em Florianópolis, em agosto", defende a Startup Portugal, que vai trabalhar no tema com a Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, Invest Rio, Aicep e Sebrae.
Já o Qatar “representa uma nova oportunidade para a Web Summit reunir os líderes da tecnologia num panorama tecnológico que está em rápido crescimento” e “capacitar uma nova geração de fundadores de startups em todo o Médio Oriente, África, Índia e adiante”, de acordo com os promotores da cimeira.
Questionada sobre os planos de expansão internacional, nomeadamente a chegada a África, que está prevista para 2025-2026, a Web Summit reconhece o “interesse” em alargar a presença no mapa, mas agora está “focada” em 2024. “Para aumentar a participação de regiões sub-representadas, a Web Summit Qatar anunciou uma nova iniciativa, em colaboração com The FutureList, para trazer 100 dos mais inovadores fundadores de tecnologia africanos (early-stage) para o palco internacional de Doha”, destaca a empresa.
“E vice-versa. Mesmo para as empresas do Médio Oriente que estejam a ponderar expandir ou investir na Europa, pode ser uma oportunidade para Portugal estar entre as opções”, acredita o diretor executivo da Startup Lisboa e Unicorn Factory Lisboa, Gil Azevedo.
Lisboa recebe a nona edição da Web Summit a 11, 12, 23 e 14 de novembro.
Notícia atualizada a 11-01-2024 com detalhes sobre presença do Executivo
