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Galamba diz que lucros da TAP “reforçam trajetória de recuperação em fase desafiante"

Em reação aos lucros alcançados, pela primeira vez, no primeiro semestre, o ministro das Infraestruturas afirmou, ao JE, que são consequência do “esforço e empenho” de todos no processo que visa garantir sustentabilidade da empresa, cuja privatização deverá arrancar em setembro. João Galamba perspectiva para os próximos meses “um ritmo intenso” para a TAP com a empresa a "continuar no caminho sustentado de melhoria dos resultados operacionais e financeiros". E, acrescenta, focada também no "reforço da qualidade" do serviço prestado.

A TAP registou um lucro de perto de 23 milhões de euros no primeiro semestre do ano, representando uma melhoria de 225 milhões de euros face ao mesmo período do ano passado e, também, um facto histórico para a companhia aérea nacional ao registar resultados positivos nos primeiros seis meses de um ano, desde que os resultados semestrais são publicados (2019). Em reação aos lucros alcançados, o ministro das Infraestruturas afirmou, ao Jornal Económico, que “reforçam a trajetória de recuperação em fase desafiante". Para João Galamba são consequência do “esforço e empenho” de todos no processo que visa garantir sustentabilidade da empresa, cuja privatização deverá arrancar em setembro.

“Os resultados divulgados pela TAP são muito positivos, reforçando a trajetória de recuperação da companhia aérea nesta fase desafiante da sua história”, avançou ao JE o governante, perspetivando para os próximos meses “um ritmo intenso” para a TAP: “a empresa deve continuar no caminho sustentado de melhoria dos resultados operacionais e financeiros, focada também no reforço da qualidade do serviço prestado”.

Segundo o ministro das Infraestruturas, “estes resultados são consequência do esforço e empenho de todos no processo que visa garantir sustentabilidade operacional e financeira de longo prazo da TAP, no âmbito de um caminho de desalavancagem que tem vindo a ser conseguido e enfrentando os desafios que se colocam”.

Um desses desafios passa pelo processo de reprivatização em curso, que deverá arrancar em setembro com o decreto-lei que define os moldes da alienação do capital, um processo que só deverá estar concluído no próximo ano. Por razões europeias e nacionais, este é um dossiê que o Governo sinalizou querer ver resolvido, após a injeção estatal de 3,2 mil milhões na companhia.

Em causa está o aval dado pela Comissão Europeia, em 21 de dezembro de 2021, ao plano de reestruturação da TAP e à ajuda estatal de 2.550 milhões de euros (que atinge o limite de 3.200 milhões de euros entre valores já pagos e outros aprovados) para permitir que o grupo regressasse à viabilidade, impondo, para isso, compromissos de forma a não prejudicar a concorrência europeia.

Para já, Galamba põe a tónica na melhoria dos resultados operacionais e financeiros da TAP, cujos lucros de 22,9 milhões (mais 111%) dos primeiros seis meses são alicerçados “no forte crescimento das receitas operacionais, que ascenderam a 1,9 mil milhões de euros, com um aumento relevante de 600 milhões euros (mais 44,3%) face ao mesmo período de 2022”, disse ontem a empresa, em comunicado, dando conta de que “este crescimento é revelador da abordagem equilibrada adotada pela TAP na capitalização de oportunidades de mercado”.

Embora as receitas operacionais tenham aumentado, os custos operacionais recorrentes também tenham subido de forma semelhante (mais 35%) para 1.781,8 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano.

Comparativamente a 2019, antes da pandemia de Covid-19, o aumento do lucro foi de 134,9 milhões de euros. Para o CEO da TAP, estes resultados mostram uma “melhoria comercial e financeira" da TAP. “As margens operacionais e o trajeto de desalavancagem, acima das metas do plano de restruturação, provam a sustentabilidade financeira do grupo num momento crítico da nossa história”, afirmou Luís Rodrigues, no relatório e contas divulgado esta quarta-feira.

Em relação ao tráfego nos aviões da TAP, nos seis meses em análise foram transportados 7,6 milhões de passageiros, mais 30,2% do que no mesmo semestre do ano passado. O número total de voos operados também subiu (de forma menos expressiva, 17,9%), atingindo 89% dos níveis pré-crise pandémica.

O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente atingiu os 361,7 milhões de euros neste período, com uma margem de 19%, o que representa um acréscimo homólogo de 56,9%. Quanto ao EBIT recorrente, foi de 124,5 milhões de euros com uma margem de 6,5%.

“No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer. Envolver cada vez mais os trabalhadores, gerir o histórico de reclamações e melhorar as operações têm sido a nossas principais prioridades, o que já nos permitiu capitalizar no período de verão. A procura continua forte, com as reservas para os próximos trimestres a atingirem valores consideráveis, indiciando um segundo semestre intenso”, destacou o presidente executivo da TAP.

Grupos de aviação e consórcio nacional na corrida à TAP

No final de julho, João Galamba tinha já valorizado o facto de a companhia ter tido “muito bons resultados” em 2022, dando então conta de que só desta forma "se criam boas condições para um projeto de abertura de capital da TAP que está em curso" e que perfilam já vários interessados.

O ministro sinalizou na altura que “os dados até agora conhecidos dizem que o ano de 2023 será ainda melhor que o ano de 2022”, destacando a trajetória de consolidação, reestruturação e sustentabilidade da TAP.

A TAP obteve um lucro de 65,6 milhões de euros em 2022, anunciou, em março, a companhia que regressou aos resultados positivos após prejuízos de 1.600 milhões em 2021 e antes do previsto no plano de reestruturação.

Estes resultados foram também apontados pelo ministro das Infraestruturas como um “passo sólido nas perspetivas para o futuro da empresa” numa altura em que foram dados os primeiros passos para o processo de reprivatização e o governo procura captar interessados.

Na corrida estão três grupos de aviação (Lufthansa, Air-France/KLM e IAG– Iberia/British Airways) e ainda um consórcio nacional que tem Diogo Lacerda Machado como rosto e que deverá ser anunciado nas próximas semanas que conta também com Germán Efromovich da Avianca – que em 2015 ficou para trás no processo de privatização da companhia aérea nacional.

Também o dono do grupo Barraqueiro, e ex-acionista da TAP, está a equacionar entrar outra vez na corrida à reprivatização da TAP, tal como o JE avançou em primeira mão na edição de 25 de agosto. Humberto Pedrosa poderá alinhar com o consórcio nacional, que junta dono da Avianca e que tem como um dos rostos Diogo Lacerda Machado, ex-administrador da companhia aérea e antigo consultor do Governo de António Costa para negócios com privados. Na mira do empresário estão ainda outros grupos de aviação que já sinalizaram interesse na aquisição da companhia aérea nacional, cuja percentagem do capital para alienação ainda não está definida pelo Executivo, apurou o JE junto de várias fontes conhecedoras deste processo.

 O lançamento do concurso de apresentação de propostas só acontecerá após a aprovação do decreto-lei relativo ao processo e, de acordo com o que o ministro das Finanças sinalizou em julho, isso será feito "o mais breve possível", após as duas avaliações independentes à TAP que estão a ser elaboradas pela EY e pelo Banco Finantia.

Após a aprovação do DL que iniciará a privatização da TAP, segue-se a aprovação de uma resolução em CM que definirá os termos do processo e o caderno de encargos.