A terra em si é de muito bons ares”. Pero Vaz de Caminha descrevia assim o Brasil na famosa carta ao rei Manuel I. Passados 525 anos da expedição de Pedro Alvares Cabral, as terras de Vera Cruz alimentam a ambição das gigantes europeias interessadas na privatização da TAP.
É o caso da Lufthansa que quer apostar em Lisboa para fortalecer o grupo em termos de destinos para o Brasil e América Latina, segundo as informações recolhidas pelo JE. A companhia alemã considera que a TAP já está bem posicionada no Brasil, mas ainda tem um grande potencial para crescer noutros países da América do Sul. No caso das ligações a África, para os peritos da Lufthansa em Frankfurt, o grande crescimento da aviação vai ter lugar no hemisfério sul na próxima década, tornando este continente cada vez mais apelativo.
No caso da IAG, a dona da British Airways/Iberia, considera que a presença da TAP no Brasil e na África lusófona é forte. O hub de Lisboa é visto como uma ponte natural para o grupo entre a Europa e os mercados lusófonos: Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, sabe o JE. A ideia da IAG é criar sinergias entre a TAP e o resto do grupo para dar mais opções aos seus clientes, dado que a Iberia é mais forte na América Latina.
Já a Air France-KLM destaca a aposta no mercado norte-americano. “A nossa intenção passa por permitir que a TAP tenha acesso à lucrativa parceria transatlântica com a Delta e a Virgin Atlantic (sujeita à aprovação das autoridades regulatórias), bem como a outras parcerias estratégicas”, disse fonte oficial do grupo franco-neerlandês ao JE.
Olhando para os EUA, também a Lufthansa considera que as rotas no Atlântico Norte são cada vez mais importantes para Portugal no futuro. No caso da IAG, Lisboa é vista como uma ponte adicional para rotas no Atlântico Norte e Sul.
O JE pediu comentários tanto à Lufthansa como à IAG, mas não obteve respostas.
O Governo prometeu esta semana uma “primeira decisão” sobre a privatização da TAP “nos próximos oito meses”, atirando a decisão para julho de 2026.
“Nunca nas três privatizações deste século da TAP apareceram as três companhias aéreas de líderes da Europa interessadas, e ativamente interessadas, na TAP”, disse esta semana o secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Espírito Santo.
Entre os planos das 3 companhias aéreas, está a manutenção do hub da TAP em Lisboa. Este é um ponto central nos seus argumentos, pois o aeroporto de Lisboa surge numa localização estratégica para os voos transatlânticos.
Já o grupo Air France-KLM disse ao JE que tem como “ambição manter a marca TAP, a sua identidade e a sua sede em Lisboa, bem como o importante hub de Lisboa”,
Adicionalmente, a companhia franco-neerlandesa garante que quer “desenvolver a conectividade das cidades secundárias de Portugal, onde a Transavia já está bem implantada, e também manter a conectividade com as regiões autónomas e outros mercados relevantes para Portugal. Atualmente, as companhias aéreas do grupo já operam mais de 600 voos por semana de e para Portugal”.
Já as outras duas empresas têm usado como exemplo oo seu percurso na compra de outras empresasNo caso da Lufthansa, a companhia alemã detém a Austrian, Swiss, ITA ou Brussels. No caso da IAG, a British Airways, Aer Lingus, Iberia ou Vueling. Tanto os alemães como os anglo-espanhóis têm defendido que as companhias têm crescido após a sua entrada.
“A TAP tem de estar com os grandes. A TAP tem de juntar-se a um grupo grande com mais de cinco mil milhões de receitas. Isso é muito importante”, defendeu esta semana o secretário de Estado das Infraestruturas.
Futuro da TAP é mais Brasil, América Latina, EUA e África
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Candidatos à TAP têm ideias semelhantes, mas com as devidas diferenças para o futuro da companhia aérea portuguesa em termos de expansão e de novas rotas.