O Banco Central Europeu (BCE) deverá reduzir as taxas de juros pela quinta reunião consecutiva esta quinta-feira. Este é mais um passo crucial para a economia europeia sair do estado anémico em que se encontra.
Famílias e empresas estão sob pressão. Apesar dos cortes já feitos, continua a ser caro contrair empréstimos para comprar casa, mas também para investir na empresa.
O momento é crucial: a inflação está controlada, a maior economia da zona euro, a Alemanha, vai a eleições daqui a umas semanas, e há riscos geopolíticos no horizonte, com a ameaça de tarifas por Donald Trump, e a economia chinesa, um parceiro crucial para a Europa, continua abaixo do esperado.
O corte das taxas de juros deverá ser de 25 pontos base, levando a taxa de referência para os 2,75%, segundo uma sondagem da "Bloomberg" junto de analistas que foram unânimes em considerar que vai haver novo corte.
No entanto, a maioria dos inquiridos rejeita que a presidente do BCE venha a comprometer-se com novos cortes, apesar de muitos membros do Conselho de Governadores terem apontado que haverá novo corte em março.
A inflação até voltou a subir no último trimestre, dado o fim de efeitos-base favoráveis criados pelas medidas de contenção do lado energético em 2023, mas a atividade continua a desiludir, obrigando o banco central a uma postura mais acomodatícia.
Mas os membros do BCE têm mostrado opiniões contrárias sobre o rumo que o BCE deve seguir. É de prever tensões na reunião de hoje na sede do BCE em Frankfurt, Alemanha.
Do lado dos 'pombos', o grego Yannis Stournaras, o francês Villeroy de Galhau ou o português Mário Centeno defendem mais cortes até uma taxa de depósito de 2% em junho.
"A taxa de juro do BCE vai continuar, na medida do possível, numa trajetória em direção a valores próximos de 2%. Esta é a trajetória esperada", disse o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, em entrevista recente à RTP.
"Prevemos que a inflação nos próximos meses, trimestres e, provavelmente, num ano e meio, convirja para valores provavelmente até ligeiramente inferiores a 2%", segundo as declarações reproduzidas pela "Reuters".
Do lado dos 'falcões', como o neerlandês Klaas Knot ou o austríaco Holzmann, os 2% da taxa de referência é um cenário muito ambicioso.
Já Christine Lagarde garante que o seu trabalho é "aplicar a metodologia apropriada" para tomar decisões, tendo em conta o "resto do mundo".
Sobre as críticas feitas por Trump à Europa, Lagarde respondeu: "Há países numa posição mais forte do que outros, mas todos precisamos uns dos outros", defendendo que "nem as regras nem as instituições podem ser ignoradas", e todos têm que se sentar "para negociar".
Como esperado, a Reserva Federal norte-americana deixou as taxas inalteradas na sua reunião desta semana, a primeira desde que Donald Trump assumiu o cargo de presidente dos EUA.
Na zona euro, com a inflação controlada e a caminho da meta dos 2%, o alívio nas taxas de juro vai trazer oxigénio às empresas e famílias num momento de estagnação da economia europeia.
Os dados macroeconómicos "apontam para melhorias na produção (PMI serviços e industrial) na Alemanha e em França, e os dados do desemprego continuam estáveis. Estes fatores impulsionaram algum otimismo nos mercados financeiros", destacam os analistas da XTB.
"Apesar desta certeza, o Banco Central deve optar por uma postura mais cautelosa e não anunciar um corte significativo. Segundo os últimos dados da inflação da Zona Euro, os preços estão a registar aumentos ligeiros nos últimos 3 meses. Esta tendência pode vir a ser agravada devido a vários fatores, como a volatilidade recentemente verificada nos preços da energia e a aplicação das tarifas anunciadas por Donald Trump. Caso o BCE consiga responder bem a estas situações e caso a inflação não dispare significativamente, os investidores preveem que o Banco Central opte por mais cortes até junho, esperando um corte de 100 p.b. até ao final do ano", segundo a XTB.
Já a Ebury aponta que "é improvável" que Christine Lagarde dê uma "orientação precisa" sobre os próximos passos. "A tónica deve ser colocada na dependência dos dados. É muito provável que se verifique uma nova descida em março".
Por sua vez, a Allianz Global Investors (Allianz GI) destaca que, pelo lado positivo, as condições financeiras na zona euro "estão a melhorar, ajudadas pelas expetativas de uma rápida flexibilização da postura política restritiva do BCE, bem como devido à debilidade do euro. A perspetiva de uma reforma do travão da dívida alemã após as eleições na Alemanha poderá também ajudar a reduzir os riscos negativos que a região enfrenta. Quanto à política do BCE, a trajetória de redução das taxas é clara no curto prazo, com os cortes das taxas nos próximos meses bem precificados nos mercados de taxas de juros de curto prazo".
Depois de crescer apenas 0,7% em 2024 e com um crescimento previsto de apenas 1% este ano, as maiores economias da zona euro "continuam a enfrentar obstáculos cíclicos e estruturais, com a incerteza comercial futura e os riscos tarifários também a representar ameaças em baixa no que respeita ao crescimento", segundo Michael Krautzberger.
Já a inflação global e a inflação subjacente situam-se em 2,4% e em 2,7% em termos anuais, respetivamente.
A curto prazo, os desafios estruturais, a incerteza comercial e a paralisia política que a região enfrenta (enquanto aguardamos o resultado das eleições federais alemãs no final de fevereiro) apresentam um quadro bastante pessimista para as perspetivas europeias em 2025", de acordo com a Allianz GI.
Martin Wolburg, economista sénior da GeneraliAM, destaca a série de leituras pouco otimistas em indicadores prospetivos, sobretudo o índice de gestores de compras (PMI), desde o crescimento acima do esperado no terceiro trimestre. As “esperanças de uma recuperação mais rápida” após os 0,4% de avanço em cadeia (o mais forte em dois anos) dissiparam-se com a leitura de 48,1 pontos no PMI composto de dezembro, um “sinal de contração” no futuro imediato.
A atenção do mercado estará, portanto, virada para o discurso de Lagarde, argumenta a Ebury. Apesar de se afigurar pouco provável qualquer forward guidance da presidente do BCE, os “comentários dovish recentes de boa parte dos decisores” do banco central aumentam a importância das palavras de Lagarde, que deverá sinalizar “uma ênfase mais forte no crescimento”, dada a fraca prestação da economia europeia.
A discussão no seio do banco começa a virar-se para a taxa neutra, sendo que, confirmando-se nova descida de 25 p.b. em março (algo que os mercados atualmente avaliam com 95% de probabilidade), os juros ficam já no limite superior do intervalo estimado pelos técnicos do BCE para esta taxa – ou seja, o nível nos juros que não é considerado acomodatício nem restritivo.
Como tal, as projeções dos analistas começam a divergir quanto ao rumo dos juros após março, sendo que a incerteza também desempenha um papel-chave nesta situação: por um lado, é expectável uma maior definição da política comercial norte-americana daqui por dois meses, enquanto, por outro, as eleições na Alemanha darão uma imagem mais robusta do futuro da economia europeia.
Já Christine Lagarde garante que o seu trabalho é "aplicar a metodologia apropriada" para tomar decisões, tendo em conta o "resto do mundo".
Sobre as críticas feitas por Trump à Europa, Lagarde respondeu: "Há países numa posição mais forte do que outros, mas todos precisamos uns dos outros", defendendo que "nem as regras nem as instituições podem ser ignoradas", e todos têm que se sentar "para negociar".
Como esperado, a Reserva Federal norte-americana deixou as taxas inalteradas na sua reunião desta semana, a primeira desde que Donald Trump assumiu o cargo de presidente dos EUA.
Na zona euro, com a inflação controlada e a caminho da meta dos 2%, o alívio nas taxas de juro vai trazer oxigénio às empresas e famílias num momento de estagnação da economia europeia.
Os dados macroeconómicos "apontam para melhorias na produção (PMI serviços e industrial) na Alemanha e em França, e os dados do desemprego continuam estáveis. Estes fatores impulsionaram algum otimismo nos mercados financeiros", destacam os analistas da XTB.
"Apesar desta certeza, o Banco Central deve optar por uma postura mais cautelosa e não anunciar um corte significativo. Segundo os últimos dados da inflação da Zona Euro, os preços estão a registar aumentos ligeiros nos últimos 3 meses. Esta tendência pode vir a ser agravada devido a vários fatores, como a volatilidade recentemente verificada nos preços da energia e a aplicação das tarifas anunciadas por Donald Trump. Caso o BCE consiga responder bem a estas situações e caso a inflação não dispare significativamente, os investidores preveem que o Banco Central opte por mais cortes até junho, esperando um corte de 100 p.b. até ao final do ano", segundo a XTB.
Já a Ebury aponta que "é improvável" que Christine Lagarde dê uma "orientação precisa" sobre os próximos passos. "A tónica deve ser colocada na dependência dos dados. É muito provável que se verifique uma nova descida em março".
Por sua vez, a Allianz Global Investors (Allianz GI) destaca que, pelo lado positivo, as condições financeiras na zona euro "estão a melhorar, ajudadas pelas expetativas de uma rápida flexibilização da postura política restritiva do BCE, bem como devido à debilidade do euro. A perspetiva de uma reforma do travão da dívida alemã após as eleições na Alemanha poderá também ajudar a reduzir os riscos negativos que a região enfrenta. Quanto à política do BCE, a trajetória de redução das taxas é clara no curto prazo, com os cortes das taxas nos próximos meses bem precificados nos mercados de taxas de juros de curto prazo".
Depois de crescer apenas 0,7% em 2024 e com um crescimento previsto de apenas 1% este ano, as maiores economias da zona euro "continuam a enfrentar obstáculos cíclicos e estruturais, com a incerteza comercial futura e os riscos tarifários também a representar ameaças em baixa no que respeita ao crescimento", segundo Michael Krautzberger.
Já a inflação global e a inflação subjacente situam-se em 2,4% e em 2,7% em termos anuais, respetivamente.
A curto prazo, os desafios estruturais, a incerteza comercial e a paralisia política que a região enfrenta (enquanto aguardamos o resultado das eleições federais alemãs no final de fevereiro) apresentam um quadro bastante pessimista para as perspetivas europeias em 2025", de acordo com a Allianz GI.
Martin Wolburg, economista sénior da GeneraliAM, destaca a série de leituras pouco otimistas em indicadores prospetivos, sobretudo o índice de gestores de compras (PMI), desde o crescimento acima do esperado no terceiro trimestre. As “esperanças de uma recuperação mais rápida” após os 0,4% de avanço em cadeia (o mais forte em dois anos) dissiparam-se com a leitura de 48,1 pontos no PMI composto de dezembro, um “sinal de contração” no futuro imediato.
A atenção do mercado estará, portanto, virada para o discurso de Lagarde, argumenta a Ebury. Apesar de se afigurar pouco provável qualquer forward guidance da presidente do BCE, os “comentários dovish recentes de boa parte dos decisores” do banco central aumentam a importância das palavras de Lagarde, que deverá sinalizar “uma ênfase mais forte no crescimento”, dada a fraca prestação da economia europeia.
A discussão no seio do banco começa a virar-se para a taxa neutra, sendo que, confirmando-se nova descida de 25 p.b. em março (algo que os mercados atualmente avaliam com 95% de probabilidade), os juros ficam já no limite superior do intervalo estimado pelos técnicos do BCE para esta taxa – ou seja, o nível nos juros que não é considerado acomodatício nem restritivo.
Como tal, as projeções dos analistas começam a divergir quanto ao rumo dos juros após março, sendo que a incerteza também desempenha um papel-chave nesta situação: por um lado, é expectável uma maior definição da política comercial norte-americana daqui por dois meses, enquanto, por outro, as eleições na Alemanha darão uma imagem mais robusta do futuro da economia europeia.