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EY Law inicia atividade e já olha para Angola

Advocacia : É uma sociedade independente de advogados, mas está integrada no “ecossistema” da consultora EY, que detém parte do capital. O objetivo é que fazer parte de uma one stop shop, aproveitando sinergias, incluindo de uma rede internacional de serviços jurídicos que está em 90 países.

A EY Law, uma sociedade de advogados independente que integra a sua oferta com a consultora EY, iniciou a atividade este mês de novembro, intensificando o movimento de integração de serviços jurídicos com outro tipo de serviços, nomeadamente de consultoria e de auditoria, em Portugal, depois das alterações legislativas que entraram em vigor este ano.


“Temos como objetivo dar uma nova oferta de serviços jurídicos no mercado, ao nível do esperado nos serviços das big four”, diz ao Jornal Económico (JE) João Nóbrega, managing partner da EY LAW e membro do conselho de administração. “É o melhor de dois mundos: uma abordagem multidisciplinar, focada em exclusivo nos serviços jurídicos, reforçada pelas capacidades de outras áreas da EY, como a consultoria, estratégia, transações ou fiscalidade, em todas as suas vertentes, a nível nacional e internacional”.
A EY detém parte do capital da sociedade de advogados, mas esta funcionará de forma independente, ainda que alinhada com a consultora e aproveitando sinergias. “É uma sociedade independente de advogados que está dentro de um ecossistema”, explica João Nóbrega, que aponta a apetência do mercado por uma oferta integrada, uma one stop shop.


Nóbrega faz questão de sublinhar a independência do projeto. “O compromisso com a independência da advocacia e a segregação operacional e funcional é fundamental para garantir o cumprimento das regras deontológicas e a autonomia que a profissão exige”, diz.


Pedro Fugas, country tax leader da EY Portugal integra o conselho de administração da nova sociedade de advogados.


O projeto estava a ser desenvolvido deste o início do ano e foi maturado até ser apresentado, a 18 de novembro. Nesta altura, a sociedade é composta por 30 pessoas, mas está a recrutar e projeta terminar o próximo ano com 40 colaboradores. “Temos uma equipa experiente e pretendemos inverter a pirâmide etária”, aponta Nóbrega.


O mercado a explorar é aquele em que a EY Portugal opera, o “portuguese cluster”, que inclui a presença em Angola, Moçambique e, agora, Cabo Verde, além de Portugal, assim como projetos em países de língua oficial portuguesa, como a Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.


A EY Law está limitada pela natureza da sua atividade – os advogados não têm livre exercício em todos os mercados –, mas pretende expandir-se. “Temos no horizonte ter um escritório próprio em Angola”, afirma João Nóbrega ao JE. “É um mercado com interesse”, acrescenta. Até lá, o objetivo para estes mercados é a assessoria.


As áreas de prática em que pretendem apostar as fusões e aquisições (M&A, na sigla inglesa), financeiro e mercado de capitais, gestão de ativos e private equity, ESG (ambiental, social e governança na sigla inglesa), fiscal, mas também energia e infraestruturas, em que se prevê um aumento da procura, e imobiliário e urbanismo. São setores com potencial de sinergias com a atividade da EY.


Acrescenta-se a estes as questões relacionadas com os processos de digitalização, proteção de redes e de informação e, ainda, recursos humanos.

Sociedade multinacional
A rede EY está presente em mais de 150 países e conta com mais de 400 mil profissionais, mas a EY Law Portugal integra, também, a rede EY Global Law, que está presente em mais de 90 países, contando com mais de 3.400 advogados.
“[Isto] traz uma vantagem competitiva inigualável, através da partilha de experiências e do acesso a bases de conhecimento em tempo real”, afirma Miguel Farinha, country managing partner da EY Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde. “É uma vantagem ter acesso a esta estrutura”, reforça João Nóbrega.
A associação a redes globais permite, também, capacidade de investimento e de acesso a redes e soluções, nomeadamente no campo tecnológico, que constituem uma mais-valia na abordagem ao mercado. “Este é um negócio muito assente numa base tecnológica”, explica.
Esta rede desenvolveu, por exemplo, uma solução própria de inteligência artificial generativa.
A EYPortugal fechou o ano de 2023 com uma faturação de 166 milhões de euros, o seu melhor resultado de sempre.