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Estrela das exportações portuguesas

É um setor dominante pelo valor que cria e pelo impacto na economia. Tem passado pela metalomecânica o crescimento das exportações, mesmo com todos os constrangimentos.

O setor da metalurgia e da metalomecânica é o campeão nacional da economia portuguesa. É o maior cluster industrial português, com um volume de negócios de 39,9 mil milhões de euros, em 2023, e foi responsável por 9,9 mil milhões de valor acrescentado bruto. No ano passado, representou cerca de 12,5% do produto interno bruto e mais de 30% das exportações de bens. Emprega 253 mil pessoas, cerca de 5% da população ativa portuguesa.
A metalurgia de base, subsetor que inclui siderurgia, fundição e transformação primária, representa menos de 10% do total do setor e tem um peso reduzido nas exportações, mas fornece a metalomecânica, que engloba a produção de máquinas, equipamentos, estruturas e componentes industriais, e é responsável por quase todo o saldo positivo do setor.
“Constitui a espinha dorsal da indústria transformadora portuguesa, com forte capacidade exportadora e elevado efeito multiplicador”, aponta a EY-Parthenon, no plano Metal 2030, feito para a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP). “É o principal contribuinte líquido para a balança comercial portuguesa e um dos poucos com especialização tecnológica crescente”, sublinha Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP.
É constituído por uma miríade de 23 mil empresas em que, como na generalidade da economia portuguesa, as micro, pequenas e médias têm peso. São discretas, pela natureza da atividade de fornecedor, mas também as há maiores e mais conhecidas, como a Colep, a Ferpinta, a Ramada ou a Martifer, as duas últimas cotadas em bolsa.
Entre 2016 e 2022, o setor deu um salto, beneficiando da retoma da indústria automóvel europeia, dos resultados da diversificação de mercados e do investimento em capacidade produtiva. Neste período, as exportações cresceram 51%, passando de 15,3 mil milhões para 23,1 mil milhões de euros, O volume de negócios acompanhou essa tendência, subindo de 26 mil milhões para 34 mil milhões de euros, o que consolidou a metalomecânica como o pilar da indústria transformadora portuguesa.
Dois terços da produção destinam-se aos mercados exteriores, com Espanha à cabeça, que absorve cerca de 23,5%. Depois, França com cerca de 16,3%, Alemanha (15%) e Itália (4,6%). Ou seja, os clientes estão nas grandes economias europeias que, se excetuarmos os nossos vizinhos terrestres, estão em abrandamento. A União Europeia compra 68,5% do que produzimos, segundo a AICEP Portugal Global. Mais, se alargarmos o grupo europeu incluindo o Reino Unido, que consumiu 5,8% das exportações do setor em 2023. No esforço de diversificação de mercados, as empresas portuguesas estavam a ganhar tração nos Estados Unidos da América, mas isso foi antes da guerra comercial.

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