Skip to main content

Esqueçam a poluição, diz a China que aposta mais no verde

O Império do Meio é líder mundial a instalar renováveis, mas também a desenvolver tecnologia para o setor energético. É o primeiro eletro-estado global e o mundo vai segui-lo.

Há uma corrida às energias renováveis na China. O país instalou, em apenas seis meses, mais de metade da energia solar que os 27 países da União Europeia estão a instalar há duas décadas.
Na primeira metade deste ano, o Império do Meio instalou 256 gigas de energia solar, face aos 400 gigas existentes na UE.
O país é o primeiro eletro-estado do mundo, destaca a Allianz, apontando que é “um fornecedor crítico e um exemplo para o mundo em tecnologia limpa”.
“A sustentabilidade é muito importante devido à subida da temperatura. Este é um objetivo global, mas também da China: ajudar o ambiente”, disse ao JE Pedro Liu, um jovem empreendedor chinês que vive em Portugal e que esteve presente na Web Summit onde a China assumiu um lugar de destaque devido aos seus avanços tecnológicos. É verdade que o setor energético não estava presente nos stands chineses, mas este ocupa um lugar de destaque na economia de Pequim. Das fábricas chinesas saem 60% das turbinas eólicas a nível mundial, 60% das baterias e 80% dos painéis solares, o que causou uma “redução global nos preços” do investimento nas energias renováveis, destaca a consultora Ember.
Apesar de ser o maior poluidor a nível mundial, a China tem visto as suas emissões poluentes estabilizarem ou caírem nos últimos 18 meses, segundo dados do Centre for Research on Energy and Clean Air (Crea) citados pelo “Guardian”, com o aumento das renováveis na eletricidade. No início deste ano, a capacidade eólica e solar atingiu mais de 1.400 gigas, tendo dobrado no espaço de 3 anos. O país já conta com mais capacidade eólica e solar do que de carvão.
As previsões apontam que a produção de energias renováveis deverá dobrar até 2030, “substituindo os combustíveis fósseis na geração de eletricidade”, segundo a Allianz.
A questão da redução dos preços é crucial. O preço dos painéis solares afundou 80% na última década, permitindo aos países em desenvolvimento no leste de África e no sul e sudeste da Ásia apostarem nas renováveis.
Em 2025, o país liderado por Xi Jinping pesa quase 30% nos investimentos globais de energia, quase 900 mil milhões de dólares. A maioria (70%) dos investimentos destina-se às fontes de energia limpas: 32% para o solar, 16% para a eólica e 14% para redes. A nível global, pesa mais de 40% no investimento total em renováveis.
E há mais outro fator a ter em conta: o país conta com 40-50% das reservas mundiais de minerais críticos e tem praticamente o monopólio na refinação dos mesmos (90%), tendo apostado há muito na capacidade industrial para desenvolver internamente os seus recursos. “A China tem um ás na manga pois pode influenciar o desenvolvimento da produção de minerais críticos e do nível da produção global de carros elétricos, telemóveis, painéis solares ou lasers óticos. Pode também decidir a favor de um parceiro comercial em detrimento de outro”, destaca a Allianz num estudo liderado por Françoise Huang.
De regresso à Web Summit, Pedro Liu mostrou ao JE as diversas tecnologias chinesas expostas nos stands da China Digital Services, incluindo um robô humanóide da Unitree Robotics. “A competição é boa nesta onda mundial de IA, mas tem de ser positiva. O importante é que a IA ajude as pessoas”, disse Pedro Liu, numa frase que se pode aplicar perfeitamente às tecnologias verdes ‘made in China’.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes, faça login ou subscreva o Jornal Económico