A assembleia de obrigacionistas da Efacec estava marcada para votar um corte de 50% na emissão de 58 milhões de obrigações lançada em 2019, mas pelo facto de ter sido alcançado um acordo com uma maioria significativa dos Obrigacionistas “quanto a uma revisão da proposta de alteração dos termos e condições das Obrigações”, em termos mais favoráveis para os Obrigacionistas, houve um cancelamento da convocatória da Assembleia Geral de Obrigacionistas.
O acordo – segundo revelou uma fonte ao Jornal Económico – situa-se entre os 10% e os 20% de haircut do empréstimo obrigacionista de 58 milhões a cinco anos que foi emitido em 2019 com uma taxa fixa de 4,5%. Este haircut fica muito abaixo da proposta inicial de um “Valor de Resgate Final” com corte de 50% do valor principal nominal das notes.
Na agenda está a votação de o "Montante de Reembolso Final" ser 90% do montante nominal principal das das Obrigações". Mas não são apenas estes 10% que ficam por pagar, já que convocatória prevê que os obrigacionistas aceitem que as obrigações não vencem juros entre 23 de julho de 2023 e a Data de Vencimento.
"Para evitar dúvidas, não haverá juros a pagar ao abrigo das Obrigações, para além dos os juros que já tenham sido pagos pelo Emitente e quaisquer potenciais juros de mora juros de mora devidos nos termos previsto", lê-se na convocatória.
Ora, este acordo tornou "a ordem de trabalhos da Assembleia desactualizada", revela a Efacec para justificar o cancelamento da Assembleia que estava marcada para esta terça-feira.
Foi convocada entretanto uma assembleia de obrigacionistas para o próximo dia 12 de outubro, pelas 10 horas.
Recorde-se que as condições da Mutares SE & CO. KGaA para concluir a aquisição da Efacec consistem num perdão de dívida por parte dos obrigacionistas, num haircut da dívida dos bancos, que segundo as últimas informações ronda os 40,13 milhões e num perdão de 112,8 milhões a ser dado pela Parpública.
No que se refere à banca, a proposta dos alemães da Mutares que venceram o concurso de reprivatização de 71,73% da Efacec pressupõe um acordo com os bancos credores para aceitarem perder 32,8 milhões da dívida de 40,983 milhões sem garantia (ou seja, um haircut de 80%) e um corte de 50% da parte não garantida da dívida com garantia da Norgarante e que soma 14,68 milhões. Ou seja, a banca abdica de 7,34 milhões de euros da fatia unsecured da dívida com garantia pública. De acordo com estes números, ao todo, o haircut da banca soma 40,13 milhões.
De fora do haircut estão os 85 milhões de dívida bancária totalmente garantida pelo Estado (Norgarante).
A banca está a dar tudo por tudo para viabilizar a Efacec pois, se a venda à Mutares falhar, a empresa corre o risco de ir para insolvência. Por isso a banca perdoa mais de 40 milhões de euros, porque caso contrário pode perder mais de 140 milhões, uma vez que a dívida da Efacec à banca soma 140,7 milhões de euros.
Fonte próxima dos stakeholders da Efacec diz que a Norgarante (Estado) garante 90% da dívida da Efacec à banca de 70 milhões e mais 80% de outra dívida bancária de 45 milhões, a que se soma o perdão de dívida da Parpública. "O Estado não recebe nada e ainda paga", refere a mesma fonte.