Skip to main content

Aceler@Tech. Unlimit procura startups que “potenciem o melhor que o turismo tem para oferecer”

Em entrevista ao Jornal Económico, Madalena Cabral, Innovation Manager na Unlimit, fala sobre o programa Aceler@Tech, que visa acelerar startups focadas no sector do turismo. O desafio está lançado, com as inscrições a acontecer até esta sexta-feira, 15 de setembro, e vai contar com parceria de várias empresas do sector.

Quais os objetivos para a terceira edição do programa Aceler@Tech?
Para esta terceira edição temos como ambição aproximar ainda mais as startups e as empresas do sector do turismo. Pretendemos promover o diálogo entre ambas de forma a conectar as soluções às necessidades reais do mercado e a dinamizar a inovação do tecido empresarial em Portugal. O rápido progresso tecnológico e os seus crescentes desafios e oportunidades, aliados ao papel central do turismo na economia portuguesa, tornam a aceleração do roadmap de inovação das empresas nacionais uma prioridade.
Nesta edição teremos como foco as temáticas de Experience Tourism, Sustainable Tourism, Enhanced Tourism Journey, Exploring Strategic Horizons e Open to Digital Nomads. Procuramos identificar soluções de startups internacionais que possam acrescentar valor e potenciar o melhor que o sector do turismo tem para oferecer, promovendo a inovação e o desenvolvimento de negócio no país.
As inscrições para o programa de aceleração de startups Aceler@Tech estão abertas até ao dia 15 de setembro e podem ser feitas aqui. As startups que forem selecionadas serão anunciadas no início de outubro.

Que tipo de startups querem atrair?
Procuramos atrair startups maduras de todo o mundo, com soluções tecnológicas inovadoras em fase de teste e de implementação. Iremos avaliá-las com base no grau de adaptação da solução aos desafios propostos, no modelo de negócio e na experiência da equipa.
Temos trabalhado cada vez mais com startups em fase mais avançada, ou seja, empresas que já têm uma solução que possa ser testada ou implementada no mercado. Estas startups têm como principais objetivos aumentar a sua base de clientes, expandir para novos mercados, melhorar a sua oferta e fortalecer a sua posição na indústria

Quais as melhores soluções que já saíram deste programa de aceleração de startups?
Desde a primeira edição do Aceler@Tech, já tivemos a oportunidade de colaborar com 252 startups, pelo que contactámos com muito boas soluções a nível mundial. O projeto vencedor do Aceler@Tech 2022 foi a FAIRTIQ, startup suíça que apresentou uma tecnologia que pretendia simplificar as viagens nos transportes públicos, ao facilitar o processo de pagamento. No segundo lugar ficou a Air Doctor, que oferece uma rede médica global para os viajantes encontrarem médicos locais e marcarem consultas no estrangeiro. Já o terceiro lugar foi ocupado pela Kiss & Tell, uma rede social privada e plataforma híbrida, que tem como objetivos organizar e reservar eventos, e estadias de grupo.
A FAIRTIQ continua a dialogar com o sector dos transportes públicos portugueses. O governo português lançou a plataforma umbilhete.pt, com vista a unificar as tarifas e a bilhética dos transportes públicos em todo o país. Ao fazê-lo, Portugal permitirá a emissão de bilhetes de fácil acesso em todo o país, incluindo “check-in, check-out”, tal como sucede na Suiça – onde os utilizadores da FAIRTIQ podem fazer o check-in em qualquer ponto do país sem se preocuparem com as tarifas ou com os bilhetes.

Estão à espera de quantas candidaturas? Em linha com as edições anteriores?
Cada edição representa uma aprendizagem e, a cada ano que passa, procuramos sempre refinar e melhorar o nosso processo de identificação e de seleção de startups. Na última edição recebemos mais de 150 candidaturas, de 56 países. Cerca de 33% das startups participantes já tinham levantado mais de 3 milhões de euros e 40% apresentavam vendas acima de 250 mil euros. Algumas destas startups já tinham participado em programas de aceleração internacionalmente reconhecidos, como: Y Combinator, Techstars, 500 Startups e Google for Startups.
A nossa ambição para este ano é superar os anos anteriores, em quantidade também mas, mais importante, em qualidade. Procuramos soluções com um grau de adequação elevado aos desafios propostos e à realidade nacional, só assim poderemos criar impacto real na economia e no sector do turismo em Portugal.

Posteriormente à apresentação, o que acontece?
Depois da seleção das startups participantes, realizado em conjunto com o Turismo de Portugal e com o NEST – Centro de Inovação do Turismo, iremos dinamizar a apresentação das mesmas às empresas parceiras, como o Vila Galé, o Rock in Rio, a Abreu, a Odisseias, entre outras. Esta será uma primeira introdução para as empresas poderem identificar as startups com soluções mais relevantes para o seu negócio e para os desafios identificados. Posteriormente, serão realizadas reuniões individuais entre cada startup e empresa, assim como speed meetings com investidores e industry experts, com o Turismo de Portugal e com o NEST.
O objetivo global do programa é, por um lado, promover a inovação no sector do turismo, e, por outro, apoiar as startups no soft landing em Portugal. Isto é, a integrarem o ecossistema português, acederem a potenciais parceiros e clientes, e a identificarem os stakeholders de referência.

Que tipo de inovação no turismo estão à procura este ano?
Como referido anteriormente, Experience Tourism, Sustainable Tourism, Enhanced Tourism Journey, Exploring Strategic Horizons, e Open to Digital Nomads são, atualmente, cinco grandes temas de relevância de inovação para o sector.
Com base nas muitas reuniões que realizámos com diferentes entidades do sector do turismo, há uma aposta cada vez maior na diferenciação da experiência e na satisfação dos turistas, assim como na melhoria da eficiência da operação e comunicação entre diferentes entidades.
A sustentabilidade das operações hoteleiras e a descarbonização das atividades turísticas surgem também como temas de destaque para as empresas, verticais que vamos também abordar neste programa. Elaborar e implementar políticas para promover um turismo sustentável é, inclusive, um dos objetivos estabelecidos na Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, aprovada na Cimeira das Nações Unidas.

Qual a taxa de sucesso das edições anteriores?
O Aceler@Tech já impactou cerca de 50 empresas do sector, apoiou o desenvolvimento de 250 startups, e potenciou mais de 400 oportunidades de colaboração entre os empreendedores e as empresas, resultando efetivamente na execução de pilotos entre ambos.
Para além da FAIRTIQ, vencedora da edição passada, outro caso de sucesso é a startup portuguesa HandyHostel, que estabeleceu uma parceria com a empresa WoT Hostels Ericeira Surf. A utilização da plataforma HandyHostel oferece aos hóspedes do hostel uma vasta gama de experiências locais a partir do conforto do seu alojamento. A HandyHostel simplifica o processo, uma vez que os hóspedes podem reservar estas experiências através do telemóvel. De seguida, encarrega-se de encontrar e gerir as experiências, de as promover junto dos hóspedes, de supervisionar as vendas e de tratar de todas as operações relacionadas. Isto não só beneficia o hostel e os seus hóspedes, como melhora a experiência da viagem e apoia as empresas locais.
A HandyHostel estabeleceu ainda parcerias estratégicas com fornecedores de experiências locais, como a Tours 4 Two, para apoiar estes operadores, diversificar a sua oferta, e melhorar a experiência dos turistas, enriquecendo ainda mais a visita a Portugal.
Com a sua participação no programa, a KeyNest Portugal criou uma forte ligação com a Locky, os cacifos inovadores dos Correios CTT. Os clientes podem agora trocar chaves, sem esforço, em cacifos especialmente concebidos para o efeito, totalmente automatizados e acessíveis 24 horas por dia, sete dias por semana. Recentemente, a KeyNest Portugal estabeleceu colaborações com a UKIO, Yon Living, Portugal Portfolio e MCPP, marcos que traduzem o seu crescimento contínuo.

Qual o maior montante levantado por uma startup que concorreu ao programa da Unlimit?
Na edição passada, a startup com maior montante de investimento tinha levantado 29 milhões de dólares.

O turismo em Portugal tem melhorado, em relação a 2019. Qual a importância deste programa para o sector?
Segundo dados do INE, em 2022 o sector do turismo em Portugal aproximou-se dos valores recorde de 2019, tendo ultrapassado as receitas turísticas (+15,4%). No entanto, acredito que ainda há margem para crescer.
O Aceler@Tech tem um impacto real na dinamização do sector do turismo em Portugal e é um mecanismo de aceleração da inovação nas empresas. As duas edições passadas revelam o enorme potencial deste programa – pela qualidade e diversidade das soluções apresentadas e pelos excelentes resultados obtidos das parcerias entre as startups e as empresas parceiras.
Num primeiro momento, ao concretizar alguns dos desafios internos das empresas e de áreas estratégicas, conseguimos analisar e mapear as principais necessidades e oportunidades do sector em Portugal. Depois, ao identificar as soluções disponíveis a nível mundial e aceder às melhores práticas e tecnologias, conseguimos promover mais experimentação de novos produtos e serviços, com menor risco e custo para as empresas, quando comparado com o desenvolvimento interno destas tecnologias. Assim, promovemos muito mais a inovação, diferenciação, criatividade e ultimamente mais valor para o sector, tanto para o turista como para as entidades.